Page 46 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1978
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Foi escolhida como fonte de tecnologia a Outra empresa estava planejada para ser identificados nestes estudos de mercado,
firm a inglesa Ferranti, com larga experiên criada com o objetivo de atender ao m erca considerados de interesse para o país.
cia em micro-eletrònica, eletrônica digital e do de minicomputadores para aplicações
sistemas. O segundo objetivo foi atingido comerciais. Ao constatar a grande dificul No que se refere à verticalização de fabri
através da participação da USP e da PUC- dade para a criação dessa segunda em pre cação de equipam entos, a DIGIBRÁS assu
RJ. Na primeira universidade, o Laboratório sa, a DIGIBRÁS optou por centralizar me posição contrária, por razões de econo
de Técnicas Digitais já vinha desenvolven também na Cobra a linha de equipamentos m ia de escala, para fabricação de periféri
do um protótipo de minicomputador com para aplicações comerciais. cos. Um exem plo que ilustra bem esta ques
ênfase quase total no equipamento (hard tão é o das impressoras.
ware), enquanto a segunda — através do Neste sentido, a DIGIBRÁS coordenou um
Rio Datacentro e de seu Departamento de estudo para a escolha de tecnologia para Se adm itirm os a hipótese de um dos fabri
Informática — vinha desenvolvendo traba esse setor, tendo sido escolhida a firma cantes de minis decidir fabricar suas
lhos de aplicação básica {software). americana Sycor, que firmou acordo com a
Cobra. A DIGIBRÁS atuou diretam ente no próprias impressoras, podemos assegurar
que, dificilm ente, os demais fabricantes
A conjugação das duas atividades foi obti fortalecimento do quadro acionário da Co
da, conservando-se as tendências demons bra, transformando-a de lim itada em socie adotariam a posição de ficar na dependên
tradas, surgindo daí o equipamento que fi dade por ações, no projeto do minicompu cia de um concorrente no que se refere ao
cou conhecido como G-10, recentemente tador brasileiro G-10 e acompanha, muito suprim ento de um equipamento periférico
entregue à Cobra para comercialização. de perto, as negociações da Edisa, Labo e im portante. Estudos da DIGIBRÁS indicam
SID, empresas selecionadas para a pro que existe m ercado no Brasil para dois fa-
K r i r a n t a c H o im n r D Q C n r a ç Ha tinftS fiifltín*
dução de minis.
Entretanto, percebendo que a abrangência
tos.
de uma política para o Processamento Ele
No caso dos minicomputadores, a assistên
trônico transcendia a todas as atividades
cia da DIGIBRÁS foi decisiva, podendo citar Os fabricantes que entenderem optar pela
até então empreendidas, sentiu-se a neces
como exemplo a Edisa, que levou ao Japão verticalização, desenvolvendo sua fabri
sidade da criação de um órgão com a finali
minuta de contrato para a compra de know- cação própria de periféricos, contribuiriam
dade de adotar e propor medidas visando à
how antes mesmo de obter a oferta do fa para a criação de escalas muito reduzidas
racionalização dos investimentos governa
bricante. e, em conseqüência, custos muito altos de
mentais no setor e à elevação da produtivi
fabricação. No entanto, se um fabricante
dade na utilização dos equipamentos de
independente de periféricos produz um
processamento de dados instalados e a O tipo de apoio fornecido pela DIGIBRÁS,
equipam ento que possa ser utilizado por to
instalar. Com essa finalidade foi criada, em nas empresas em que participa, visa a in
dos os fabricantes, pode-se afirmar, sem
1973, a CAPRE-Comlssão de Coordenação fluir junto à diretoria de cada uma delas, se
m argem de dúvidas, que trabalhará em es
das Atividades de Processamento Eletrôni gundo a orientação do governo para o se
cala m ais adequada a custos mais reduzi
co, na SEPLAN. tor, no sentido de evitar com petição negati dos, podendo isso levar a preços mais bai
va, e ató mesmo possíveis acordos lesivos
xos.
Como resultado dos trabalhos daquele Im aos Interesses dos usuários.
portante grupo foram criadas junto à SE
A essas razões pode-se somar ainda uma
PLAN — Secretaria de Planejamento da A atuação típica de fomento que vem sendo
outra de ordem técnica: para essas empre
Presidência da República, como parte da desempenhada pola DIGIBRÁS junto ás em
estratégia do governo, para complementar presas nacionais está bom próxima àquela sas, todas novas, que muito têm a assimilar
em term os de tecnologia, torna-se difícil
a atuação da CAPRE, a DIGIBRÁS, com o representada por um banco de fomento, ti
objetivo de promover diretamente os em po BNDE, ou Bancos Estaduais de Desen trabalhar com uma gama multo grande de
preendimentos na área de mlnl-iníormátlca volvimento, que constitui, basicamente, em projetos, já que m aiores serão seus proble
e a Cobra-Computadores e Sistemas Brasi realizar internamento estudos de mercado mas de tecnologia. A aquisição de uma ca
leiros Ltda.,com finalidade Industrial, de co que conduzem à Identificação de oportuni pacidade tecnológica ô tanto mais simples
quanto menor é o número de produtos que
mercialização e manutenção. dades industriais. É 8 partir do conheci
estão sendo objeto de atuação da empresa.
mento de oportunidades Industriais que a
empresa procura identificar as firm as e
O papel da DIGIBRÁS avaliá-las quanto à capacidade e interesse Entretanto, existem alguns problemas pe
de realizar os empreendimentos previstos. quenos, e que com o tempo devem desapa
A DIGIBRÁS foi criada em abril de 1973 com recer, quanto ao desenvolvimento de soft
o objetivo, mediante a participação em em ware de aplicação. As casas de software
presas e por outros meios como o apoio a Uma grande preocupação da DIGIBRÁS m ostram -se receosas com a tendência dos
projetos de pesquisa e desenvolvimento e o tem sido a de identificar determ inadas afi- fabricantes de disporem de suas próprias
estímulo à formação de recursos humanos, nldades industriais já existentes, com as equipes de desenvolvimento de software,
de promover a Implantação e a expansão de novas indústrias do setor de aplicação da além de quererem impor às casas de soft
empreendimentos nacionais que, com base eletrônica digital. Isto tam bém explica a ware a dedicação exclusiva a seus produ
na absorção e criação de tecnologia, visas tendência a contatar empresas que já tos com o condição para credenciá-las co
sem à produção de equipamentos e ao de atuam no campo da eletrônica e no de me mo com petentes para fazerem software de
senvolvimento de sistemas na área de ele cânica fina, já que — de um modo geral — aplicação para suas máquinas.
trônica digital e processamento de dados. os equipamentos da área de processam en
to de dados e similares contêm sempre al
go de eletrônica e, com m uita freqüência, Essa hom ologação e qualquer restrição de
Enquanto a CAPRE, entre outras ativida exclusividade são contrárias ao próprio
tam bém contêm algo, e às vezes muito, de
des, estabelece políticas na área de proces espírito das casas de software, empreendi
mecânica fina.
samento de dados, à DIGIBRÁS compete m entos que, com seu funcionamento, deve
contribuir para a implementação daquelas rão agir com o catalíticos das vendas de
A experiência mostra que novos em preendi
políticas, o que explica a atuação coorde equipam ento. Esta ó a experiência de, prati
mentos, se conduzidos por entidades que já
nada e a freqüèncla com que aparecem jun cam ente, todos os países e acredita-se que
tenham alguma experiência nestes cam
tos os nomes CAPRE e DIGIBRÁS. o Brasil não deveria tentar uma nova fór
pos, poderão conseguir maior eficiência em
m ula, não só por razões históricas, mas
menor prazo. Com isso se sim plifica o pro
Na área Industrial e de desenvolvimento cesso de assim ilação de tecnologias por tam bém por questões técnicas.
tecnológico, o primeiro projeto que contou parte das empresas que já tenham conheci
com a participação da DIGIBRÁS foi aquele mento de tecnologias afins. A DIGIBRÁS no momento se empenha em
relativo à criação da Cobra, em julho de
procurar desenvolver uma metodologia de
1974, mediante a associação da DIGIBRÁS Dai porque a DIGIBRÁS constantem ente fom ento ao surgim ento de casas de softwa
com a empresa E E. Equipamentos Eletrôni procura incentivar empresas já existentes, re e de sistem as para a automação e con
cos e a Ferranti Ltda., dando continuidade ainda que às vezes pequenas, a am pliar trole de processos, e de garantias de mer
aos entendimentos já iniciados pelo GTE. suas linhas de produção, com produtos cado às de aplicações comerciais.