Page 9 - Telebrasil - Maio/Junho 1977
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Tais valores, obtidos teoricamente, Ill — A economia das telecom uni demasiado ambiciosos. Preocupa-nos
foram confirmados por informações cações brasileiras muito esse fato, porque ele se constitui
das indústrias. na primeira das três acusações que
Antes de analisar a economia das fazem ao nosso setor. A primeira, cres
Ressaltada a importância do nosso
telecomunicações no Brasil, apresen cer demais; a segunda, adotar solu
negócio, desejo reproduzir dois con
tarei alguns dados estatísticos sobre ções sofisticadas; e a terceira ser um
ceitos que são indispensáveis à análise
sua evolução. setor fortemente importador. Para
da problemática brasileira.
demonstrar que não crescemos de
No quadro 3 encontram-se as pre
0 primeiro decorre de uma afirmação mais, vamos situar o nosso País no
visões do número de telefones no
feita em 1976 por Mr. H. R. Huntley, é quadro mundial.
Grupo TELEBRAS para o período
engenheiro chefe da AT &T que, hoje,
1974/1979, de acordo com o II PND, e
está tão comprovada pela experiência, O Brasil apresenta, hoje, um PIB que é
o que foi realizado até 1976. O reali
que já foi definida como primeira Lei de um dos dez maiores entre os países
zado até 1976 — 25% abaixo do
Huntley. A afirmação é a seguinte: ocidentais e corresponde a 2,36% do
previsto — pode ser considerado
"A receita anual de exploração dos muito bom, em face das dificuldades total mundial. Sua renda "per capita"
serviços de telecomunicações re que vem atravessando o País, com — US$ 1.100 — embora bem distante
presenta 1/3 do ativo fixo em serviço." profundos reflexos na economia do das dos países mais desenvolvidos, é
apenas ligeiramente inferior à média
setor.
0 segundo, fundamentado no primeiro mundial. Sua população corresponde a
e de autoria de R. Chapuis, procura Procurarei ao longo desta palestra 2,7% dos habitantes do mundo. No
definir, em função das taxas de expan demonstrar essa nossa opinião. Para entanto, seus telefones correspondem
são e depreciação, qual deve ser o iniciar, desejo discutir se os números a menos de 1 % do total mundial. Estes
volume dos investimentos em tele que elegemos dentro do II PND foram dados constam do quadro nP 4.
comunicações em um determinado
ano, em função dos resultados do ano
anterior. Com base em um modelo
matemático muito simples, chega o
autor à seguinte conclusão:
"0 investimento no ano deve ser igual
a 60% da receita no ano anterior para
uma expansão de 10% e com taxa de
depreciação também de 10% ."
Finalmente, a Lei de Huntley mostra
que a exploração das telecomuni
cações constitui-se em uma atividade
pesada, pois, para um investimento no
ativo fixo de 1, gera-se um faturamen
to de 1/3, enquanto em outras ativi
dades econômicas, especialmente o
setor industrial, o quadro é diferente.
Em publicação da ATT encontra-se a
seguinte comparação:
"0 investimento em serviços de te
lecomunicações de US$ 2,50 gera uma
receita anual de US$ 1,00, enquanto Q uadro n? 4
no setor industrial necessita-se investir
US$ 0,60 para obter a mesma receita Brasil x Mundo — Dados de 1976 (*)
(faturamento)".
Isto mostra o grande problema do ad Produto Mundial Bruto: 5.382 US$ bilhões
PIB — Brasil: 127 US$ bilhões
ministrador de empresas operadoras de
Participação do Brasil: 2,36 %
telecomunicações, que é obter recur
Renda per Capita — Média Mundial 1.333 US$
sos para a expansão. E que, anual
Renda per Capita — Brasil: 1.100 US$
mente, metade de tais recursos, dentro Relação Brasil/Média Mundial: 8 3 %
do modelo com que se exemplificou o
População Mundial: 4.040 milhões
segundo princípio enunciado, deve
População do Brasil: 110 milhões
provir de fontes externas ao setor, Participação do Brasil: 2,72 %
exigíveis ou não exigíveis.
Telefones — Mundo: 403 milhões
No caso brasileiro, em que crescem as Telefones — Brasil: 4 milhões
Participação do Brasil: 0,99 %
taxas superiores a 10%, o problema
agrava-se, pois a necessidade de
recursos de terceiros é ainda maior. (* ) Preliminares ou Estimativas