Page 65 - Telebrasil - Março/Abril 1976

2 vias associadas de transmissão o que
coincide com a definição francesa da
UIT de Via de Comunicação e à qual
corresponde a definição inglesa de Cir­
cuito de Telecomunicação. A citada defi­
nição da TELEBRÁS parece, portanto, se
nos louvarmos na conceituação da UIT,
melhor se adaptar para cunhar o termo
Circuito de Voz IU do que para cunhar
o termo Canal de Voz IU. Tudo apenas
não nos esqueçamos, porém, uma ques­
tão de mera convenção entre pessoas
de uma mesma comunidade.
Eng.° João Carlos P. da Fonseca
Publicamos nesta
Eng.° Edgard Cabral aos comentários do
nosso colaborador Paulo Alves L. Ramos
(vol. 1, jan.-fev./76), sobre o tema “Apli­
cação do Conceito de Confiabilidade a
projetos de Sistemas” (vol. 5, set.-out
75).
O ENFOQUE DO PROBLEMA
No atual panorama econômico, toldado
pela escassez, onde cada vez mais o
influxo de bens de capital sofre a in­
fluência de forças exógenas aos nossos
sistemas, fora de nosso controle direto,
a sobrevivência dos programas das Em­
presas fica ameaçada, a menos de um
elenco de medidas saneadoras dos custos
operacionais internos, onde os investi­
mentos tenham sua recuperação
bem estabelecidos em tempo e valor,
qualquer que seja o propósito social ou
escala de operação do conjunto designa­
do Empresa.
Uma leitura apurada do trabalho “ Apli­
cação do conceito de confiabilidade a
projetos de sistemas” revela sob um es­
tilo sistêmico e científico o seu objetivo
claro e específico de posicionar a confia­
bilidade como variável de projetos de
sistemas na análise do compromisso en­
tre o benefício obtido e o custo total do
investimento.
A coleção dos interesses do
usuário se sintetiza no acesso às realiza­
ções da Concessionária, que poderá me­
lhor realizar sua citada função social na
medida em que dispuser de maiores re­
cursos para tal. Consequentemente, todos
os esforços no sentido da otimização
dos investimentos da Empresa na busca
para a adequada recuperação, são perti­
nentes e benvindos, e redundam na am­ É conhecido que quanto maior o TMEF
pliação da função social e da disponi­ menor a probabilidade de ocorrência de
bilidade de aplicação. defeito num determinado período de tem­
As Empresas de serviço público que exer­ po, contudo é indispensável a manuten­
cem sua atividade em regime monopolís- ção de uma estrutura operacional pelo
tico não podem se abster das regras período de operação normal, de modo a
mais elementares da economia de em­ fazer frente ao evento defeito. Esta estru­
presa, como por exemplo a viabilização tura em condição de repouso carrega as
apriorística de seus projetos, caso con­ finanças da Empresa de uma certa forma
trário sua solidez económico-financeira pelo período de operação (TMEF), e de
estará comprometida ao nível de seus outra forma, ou seja, em plena ativida­
serviços. de, durante o processo de reparo em
Todo modelo ó válido face aos objeti­ si (TMDR).
vos a que destina, e o deste trabalho
é consubstanciar técnico-economicamente Um outro conceito enganoso é supor que
edição réplica do as decisões por um projeto, mesmo que equipamentos de boa qualidade não au­
este possua uma forte inclinação político- mentam os custos operacionais. Uma vez
social. Toda aplicação de pensamento que eles entrem em operação, tornam-se
fora deste escopo definido é naturalmen­ clientes de uma estrutura de manutenção,
te inconsistente e pode conduzir a posi­ em princípio potencialmente hábil para
ções extremas tais como: “ ...devem ser atender às exigências do momento falha.
deixadas com defeito para reduzir custos Essa potencialidade custa um preço, tal
de manutenção.” como o momento falha, na medida da
qualidade desse referido equipamento.
A VALIDADE DO MODELO — A
No comentário não há critério lógico nem
A afirmação da invalidade de um modelo consistência suficientes para inabilitar a
baseada na suposição de inconsistência A
setorial, é algo sério e complexo. expressão Cr = Cro -----------------.
1 — A
Uma análise cuidadosa da metodologia
adotada mostra que o custo operacional A VALIDADE DO MODELO — B
de um Sistema ao longo do tempo de
vida útil (obviamente admitido finito) é Neste comentário encontra-se um sério
muito enfocado como a soma de duas parce­ equívoco, senão vejamos:
las distintas, uma referente ao tempo en­ ” . . . o TMDR fica quase totalmente por
tre falhas (manutenção residual), tempo conta da manutenção: sua organização e
de operação regular, e outra relativa ao eficiência dos operadores.”
período de falha, ou seja, de inoperância
(manutenção de falha), parcelas estas Conseqüentemente para os exemplos da­
que se apresentam para a Empresa com dos (o de TMEF: 1.700 e o de TMEF:
dois comportamentos orgânicos diversos. 720) o TMDR é o mesmo, pois independe
do equipamento, segundo os princípios
Aqui reside um engano do comentário. constantes do comentário. Contudo tal
Como o custo foi segmentado em duas não se verifica, pois para a condução do
parcelas complementares, o custo de ma­ raciocínio, o comentário cita contrária e
nutenção residual é diretamente ligado tendenciosamente que TMDR: 1.682 e
ao tempo médio entre falhas segundo TMDR: 71, o que compromete definitiva­
público uma fórmula específica, e o custo de mente todo o raciocínio.
manutenção de falha é ligado ao tempo
médio de reparo através de uma outra
variação matemática conveniente. Desenvolvendo corretamente o problema,
o segundo exemplo passaria a ter uma
Neste comentário encontra-se uma peri­ efetividade diferente da do primeiro, qual
gosa mistura de conceitos entre as cir­ seja, 30%.
cunstâncias operacionais entre falhas e
as do evento reparo. Prosseguindo, lê-se no comentário: