Page 18 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1966
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                   SUPLEM ENTO DE NOVEMBRO E DEZEMBRO

   ANO VII         DIVULGADO PELA                                N.° 81/82

   FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE EMPRÊSAS DE TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL

   RIO DE JANEIRO  Novembro e Dezembro de 1966                   Distribuição Interna

                                                  Telefônicas

                                                  Por Pedro Renault Castanheiro. —

                                                  Presidente da TELEBRASIL.

   Sem tarifas adequadas não pode ha­

   ver, em nenhum país do mundo, bom ser­ emprêsas que exploravam serviços de uti­

   viço telefônico e, muito menos, pode ser       lidade pública, entre elas as que forne­
   feita sua expansão; sem tarifas adequadas      ciam serviço telefônico — sem que hou­
   não há distribuição de dividendos e a em-      vesse qualquer preocupação de ser cria­

   prêsa que não distribui dividendos não da para substituí-la uma válvula que com­

   atrai novos acionistas, não tendo, assim, à pensasse o efeito do aviltamento do poder
                                                   aquisitivo da moeda nacional.
    mão os capitais adicionais necessários ao             Foi o princípio do fim! Enquanto o
    desenvolvimento de seus negócios.
                                                   preço do jc<rnr;l subia pregressivamente
           Há dias, o Mestre Emérito Marcondes     de um tostão (dez centavos) para duzen­
    Ferraz, em palestra na Vila Militar, dizia:    tos cruzeiros; uma refeição, num restau­
    — “ Falar da necessidade de suprimentos        rante modesto, passava de 5 cruzeiros pa­
    contínuos de recursos para as empresas         ra cinco mil; o aluguel de um apartamen
    de serviços de utilidade pública é verdadei­   to de setecentos cruzeiros para cento e oi­
    ramente um pleonasmo. E ’ uma caracte­         tenta mil; o salário mínimo de Cr$ 240
    rística que diferencia a empresa de ser­       para mais de Cr$ 80.000, o telefone ia su­
    viços de utilidade pública de uma emprê-       bindo, aos poucos, em doses homeopáticas
    sa industrial qualquer. Ao passo que o        e exclusivamente no quantum necessário
   industrial pode limitar a expansão de seu      para cobnr os acréscimos de despesa pro­
   negócio — seus investimentos — a em-           vocados pelos aumentos compulsórios e
   prêsa de serviços de utilidade pública não
   pode deter sua expansão e, se a detiver,       coletivos de salários.
   verifica-se a escassez de serviço” . E, ao           Era a demagogia à sòlta, sem que os
   terminar sua realística exposição, disse
   ainda o grande técnico e professor: —          demagogos percebessem ou quisessem
   “ Em matéria de serviços de utilidade pú­      compreender que estavam solapando e des­
   b lic a ... não há milagre; há uma opção:
   — ou se paga o preço dessa utilidade ou        truindo uma obra valiosa, necessária o
   não se tem essa utilidade”.                    bem iniciada: — a rêde teleSônica do

                                                  Brasil.
                                                        Se a tarifa telefônica tivesse subido

                                                  na proporção do preço do jornal, um te­

   A partir de 1930, por influência de lefone de negócio custaria hoje ..............

   um grupo de revolucionários, talvez bem CrS 138.000 por mês!

   intencionados — o que duvidamos — mas          Felizmente, a partir de novembro de

   que demonstravam, certamente, uma ig­ 1958 veio a esperada reação, sendo esta­

   norância absoluta das boas regras da eco. belecida por lei a correção monetária dos

   nomia e das finanças, foi abolida por de­ ativos imobilizados, o que é nada mais —

   creto-lei a cláusula-ouro dos contratos das embora o seja muito menos — do que a
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