Page 31 - Telebrasil - Novembro-Dezembro 1965
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A ESTATIZAÇÃO NO BRASIL

José Luiz Moreira de Souza

                                                  “B.C/\ n.° 18:5 11-10-65

    “O Brasil de hoje conta com grande            longo enumerar. Veja-se, portanto, que
parte dos m ales do socialism o, sem ser          já se ultrapassou, de modo desordena­
socialista e, ao lado disso, conta com            do, sem lim itações, aquela noção dos

grande parte dos m ales do capitalism o,          que acreditam «pie na área da produção
sem ser capitalista”. A afirm ação é do           tem o Estado o papel pioneiro e suple­
Sr. José Luis M oreira de Souza, vice-            tivo, além de orientador. O pior é que
presidente da A ssociação Comercial e             o Estado é mau administrador, pelo
presidente da ADECIF, que acrescenta:             m en os em nosso regim e. Daí decorre que
— “Esta situação ó que constitui o tu­            77% — notem liem: 77% — de tôda a
mor do problema brasileiro, a espécie de          despesa federal são para cobrir os “dé­
im passe em que nos encontram os, há              ficits” das autarquias e das empresas
m ais de uma década e que nos tem feito           estatais, fora os que são eobertos pelas
rolar através de sucessivas e interm iná­         unidades da Federação e os que são ab­
veis crises políticas”.                           sorvidos pelo Instituto de ( rédito Ofi­
                                                  cial. Creio que podemos afirmar, sem
   “ Em term os gerais — prossegue o Sr.          receio de erro: aí está a causa da infla­
Moreira de Souza, falando ao BC — es­             ção no País”.
tam os numa situação de estatism o dom i­
nante. Mais de 50% da econom ia brasi­                “ Não pára aí o efeito dominante do
leira, conform e dem onstra o professor           Estatism o, do sistema híbrido e parali-
Eugênio Gudin, estão na mão do Estado.            sante que caracteriza nossa economia. A
Dos investim entos a serem feitos em              intervenção estatal, através de órgãos
1065. confessa o próprio Governo, m ais           controladores, tais como a SUXAB e
de 70% são de iniciativa estatal. O               m ais de cem órgãos que visam a cor-tro­
crédito, elem ento fundam ental do desen­         lar e fiscalizar, desfigurou in te iramente
volvim ento econôm ico, tem um quadro             o funcionam ento de um sistem a de mer­
aterrador: m ais de 50% dos em présti­            cado, através de intervenções cada vez
mos feitos pelo sistem a bancário, em             m ais sucessivas, mais amplas e mais
                                                  profundas, numa autêntica alienação da
1004. o foram pelo Banco do B rasil, tal­         capacidade de decidir dos enipre-ários.
vez o maior banco com ercial do mundo             E tudo se subordina, agora, de um mo­
em mãos do Estado. Xo BNDK, m ais de              do natural a planejamentos econômicos
80% dos em préstim os feitos o foram a            cada vez mais detalhados, como se fôra
em présas sob controle do E stado. O E s          natural e até desejável, numa democra­
tado é industrial e suas áreas não se             cia, sob a égide da livre empresa e da
lim itam a setores específicos, pois além         livre iniciativa, a existência de planeja­
de ser ele o titular de todos os transpor­        m entos globais só viáveis e consentâ­
tes ferroviários, de práticamento todos           neos com o socialismo”.
os transportes m arítim os, de ponderável
área de energia elétrica, de quase tôda               “O que é de estranhar e lamentar —
a siderurgia, do petróleo, da barri lha           conclui o Sr. José Luis Moreira de Sou­
etc., é tambérr. fa lu ica n te d e veículos,     za — é que democratas autênticos, em­
refinador de açúcar, proprietário de m a­         presários até, achem desejável a exis
tadouro*.. com erciante de género», cria­         tência de planejamento econômico pró­
dor de gado, proprietário de estações de          prio das economias dirigidas. O regime
rádio. etc. A través da intervenção do            econômico consentâneo com a liberdade
B anco d o Bra**il, o E sta d o é fa b rica n te  que desejam os é, em têm ios econômicos,
de relógios, interessado no negócio de            o da livre iniciativa, o que exige a re­
madeiras, fabricante de doces e m ais             tirada do Estado de tôdas as áreas que
uni sem número de coisas, que seria               não lhe são próprias” .

TELEFOXES PARÁ SÃO PAULO: PRIMEIRA FASE CUSTARÁ
                              QUATRO BILHÕES

                                   “O Estado de São Paulo”, 26-10-65

   O Prefeito Faria Lima autorizou                cimento de equipamento “Crossbar’*
                                                  ARF-102, para 85.500 linhas destina­
ontem à noite a Cia. Telefónica Bra­
sileira a assinar contrato com a fir­             das à expansão da rêde telefônica da
ma Ericsson do Brafcil, para o forne-             Capital.
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