Page 10 - Telebrasil - Janeiro 1961

cio, Sr. Assis Chateaubriand, ja refei^
to do mal que o acometera há alguns me_
ses e plenamente integrado nas lides
jornalísticas, de que sempre foi lider
exponencial, escreveu, no "0 Jornal",
edição de 1 “ de janeiro, magnífico ar­
tigo, do qual reproduzimos o trecho
abaixo, dada a agudeza com que é ali
tratado um dos mais atualizados temas
debatidas no país, nos últimos dias:
a existência de ^holdings" e sua influ­
ência na operação de serviços públicos
concedidos.
0 velho e rutilante estilis­
ta, em pinceladas fortes, com a autori.
dade de uma vida toda ela posta a ser­
viço do jornalismo brasileirç e do bem
comum, assim se manifestou sobre o pal^
pitante assunto:-
"Nas últimas semanas surgiram
dois duendes, dados como res­
ponsáveis pelos poços secos do
território nacional. Primeiro
foi inculcado o chefejio Depar
tamento de investigações da au
tarquia do óleo, como autor da
frustração das pesquisas ofi­
ciais. Viu-se depois que êle
deveria ter tido cúmplices na
direção da autarquia. 0 fan­
tasma do técnico estrangeiro,
foi trocado imediatamente pelo
outro das refinarias partícula
res.
Ainda bem não fora terminado de
queimar e3tes dois fogos de
bengala, um terceiro estava a
caminha. Abram-se os diários
que operam na manipulação dos
elementos ocultos destinados
a^nos inquietarem e encontra­
rão o fim próximo da pátria na
derradeira manobra dos sonãmbu
los do imperialismo que ainda
teimam em viver deste lado do
Atlântico.
Desta vez se acham os brasilei^
ros assustados com^um fantasma
em que a maioria não havia ain
da atinado. São as "holding^
da parte norte do hemisfério.
Elas se encontram espichadas
no ar como autênticos espanta­
lhos. Ou mais do que isto, co
mo causadora; das calamidades
que a indigência das tarifas
das Empresas de utilidade pú­
blica e a debilidade cambial
trouxeram para os serviços de
transportes urbanos, eletrici­
dade, gás e telefone das maio­
res metrópoles do país.
0 grande público não sabe o
que é uma "holding", nem como
e que ela surripa dinheiro dos
brasileiros. Isto porém,pouco
importa. 0 que interessa é
que o derradeiro fantasma des­
perte o pânico e cause o ter­
ror que se vem apoderando de
todos nós. Como se dizia no
século passado,o clericalismo,
eis o inimigo, diz-se neste mo
mento, a "holding", eis a ini­
miga.
Do quanto leio nos jornais,acer
ca de "holding" ^concluo que
aqueles que estão discutin
do o assunto,^ ou não o conhe­
cem, ou tem dêle um conhecimen
to imperfeito. Procuram detur
par de indústria a natureza do
instituto, com a finalidade de
colocar mal uma das mais per-
feitas^invenções do gênio con­
temporâneo, a fim de baratear
e aperfeiçoar a produção.
Quando o jornal podia ser ex­
plorado pela sociedade aqonima
de ações ao portador nos ti-
nhamos Diários ^Associados Lt^da.
Era a proprietária do controle
de todas as companhias, e foi
isto, que permitiu a cadeia de
unidade nacional, que hoje te­
mos.
A revolução de outubro proibiu
a ação nominativa para o rádio
e o jornal, mas nós mantivemos
Diários Associados Ltda. como
um instrumento de coordenação
de serviço. Durante a guerra,
^ive ensejo de ir mais uma vez
a Buenos Aires, e a Santiago
do Chile. Nossos confrades da
quelas duas capitais se admira
vam q^e cobríssemos a guerra
em tres frentes, no norte <£a
África, da Itália e na Norma-
nia com correspondentes brasi­
leiros) mandando o noticiário
em serviço telegráfico próprio.
E eu lhes explicava que era a-
penas o funcionamento do órgão
de cúpula das Empresas Associa
das. Eles contratavam os ser­
viços Jornalísticos, através
de Diários Associados Ltda. De
pois estes ratiavam as despe-
sas, que eram distribuídas por
mais de quarenta companhias,co
mo se a antiga "holding" tives
se ainda operando.
Por que é que o Brasil poude
ter entre Rio e Sao Paulo,dois
profissionais de serviços pú­
blicos urbanos, da envergadura
de sir Herbert Cousens e
Billings?
Simplesmente porque a Brazilian
Traction é uma "holding". Nun­
ca a Rio Light ou a Sao Paulo
Light poderiam sói^nhas pagar
técnicos da importância dele.
No dia em que sir Herbert dei­
xou a Comissão Municipal da ci
dade de Toronto, o governo ror
interpelado na Assembléia da
província de Ontório, por ha­
ver deixado partir um adminis­
trador da sua categoria. Pude
ver mais de uma ocasião, o
homem prodigioso que êle era
em trabalho. 2 pena que o Bra
sil seja ainda tão cru, para