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Pinguelli fala da

trajetória da ciência

A ciência, nascida na Grécia, já continha em embrião

o domínio da energia atômica no século XX.

Luís Pinguelli Rosa, físico, coordena­ da de astros para círculos concêntricos, Havia, porém, uma diferença impor­

dor do Fórum de Ciência de Cultura da onde a Terra ocuparia o centro. Filoso­ tante de atitudes entre Platão e Aristóte­

Universidade Federal do Rio de Janeiro e fia, religião, ciência c poder viveram du­ les, explicou Pinguelli:

professor de Engenharia Nuclear da Cop- rante muitos anos entrelaçados. O cien­ — “ Platão desconfiava da natureza e

pe, tratou da evolução do pensamento cien­ tista sendo visto como uma mistura de idealizava modelos, a partir de verdades

tífico no I Curso de Jornalismo Científi­ alquimista, mágico e feiticeiro. a serem aceitas sem demonstração, os axio­

co, promovido pela Faperj e coordenado Afirmou ainda Pinguelli que a grande mas. Euclides definiria toda uma geome­

pela UFRJ. discussão grega, fundamental — e que mar­ tria baseado no axioma do ponto, uma

— “Filosofia e ciência nasceram jun­ caria por séculos o pensamento ocidental verdade em si mesma. Já Aristóteles era

tas no mundo grego c suas ideias foram — ocorreu entre os idealistas, culminan­ um cientista empírico.

retomadas na Idade Média, com a leitura do com as idéias de Platão e os materia­ Somente no século XVIII, com os ex­

escolástica do pensamento de Aristóteles. listas que representavam a corrente do pen­ perimentos de Galileu com um plano in­

Os gregos queriam explicar a natureza que samento que, na época, foi derrotada. Já clinado, a física passaria a se valer da

os cercava, suas propriedades, origem e os materialistas pré-socráticos, preferiam experimentação e não apenas da observa­

finalidade. Para os helénicos, como Pla­ ao enfoque teológico e mítico, dar uma ção para concluir sobre a essência da na­

tão, o cáos havia se organizado no Cos­ explicação concreta do mundo, a precur­ tureza. Ainda no mesmo século, as idéias

mos c a geometria de Euclides era uma sora da física clássica. de Newton marcariam a substituição da

abstração destinada a dar uma imagem Os pré-socráticos desenvolveram mo­ ciência antiga pela clássica.

organizada da natureza. Platão via o mun­ delos, mecanicistas e engenhosos, para ex­ Sir Isaac Newton unificou as físicas da

do real como algo imperfeito. Só no rei­ plicar o comportamento do céu. O Sol Terra e do Céu com um tratamento ma- •

no da abstração pontificava o mundo deixava de se.r uma carruagem de fogo temático. Para Aristóteles, um corpo se

ideal” , lecionou Pinguelli. que percorria o firmamento para ser um movia, por definição, para o centro da

orifício em uma abóbada que separava a Terra. Movimentos outros eram tidos co­

Teoria do Céu Terra de um anel de fogo que a cercava. mo uma corrupção da natureza. Newton

O mundo compreendia quatro elementos abstraiu-se do que observava e imaginou

Deve-se a Aristóteles a separação da — a terra, o ar, a água e o fogo —*e — com se fosse um mágico — uma outra

física — os fenômenos naturais da Terra Aristóteles dizia que os elementos leves natureza, ideal, em que um corpo perma­

— da teoria do céu. O modelo do céu iam para o céu e os pesados pendiam, necia em movimento retilíneo e uniforme

evoluiu de uma abóbada celeste engasta­ naturalmente, para o centro da Terra. se nenhuma ação fosse feita sobre ele.