Page 66 - Telebrasil - Julho/Agosto 2000

Como deverá ficar o novo mapa do celular?

* Fernando Cevtão

rações (como exemplo, RJ, ES, BA c SE para
E fácil prever que as atuais operadoras celula­
á muito c sabido que economia de esca­
H res deverão aproveitar as oportunidades criadas Telefônica na Arca 1), o que parece bastante
la é vantagem competitiva vital no ne­

improvável, ou abrir mão da parte da nova
gócio celular (veja-se, para citar apenas
pelas novas regras que facilitam fusões e/ou in­
um, o exemplo internacional de Air Touch, corporações e pela licitação das novas licenças de licença coincidente com estas operações - pela

Vodafonc c Mannesmann). SMP para ganharem escala. Pelo menos é o mo­ qual, entretanto, teriam pago no preço total

Também há muito, as operadoras celulares vimento esperado das maiores delas. pela licença.

brasileiras, buscando ganhar escala, vem plei­ Por outro lado, novos players deverão que­ 6) Há muita especulação, c há bastante tempo,

teando a liberdade de poder transferir seu con­ rer entrar no mercado e, no caso, muito pro­ sobre como Telesystem e Bell Canadá deverão

trole societário através dc fusões e/ou incorpo­ vavelmente através de uma licença "nacional", rearranjar suas participações conjuntas na Amc-

rações, o que as atuais regras do Serviço Móvel isto é, três licenças cobrindo as três "áreas de ricel e Telet. As mais recentes previsões dos

Celular - SMC - não permitem, pelo menos a prestação". Mais prováveis novos players', as analistas são de que a Amcricel ficaria com a

médio prazo. atuais operadoras do STFC. Telesystem e a Telet com a Bell Canadá. A

As diretrizes para o novo Serviço Móvel Pes­ Da combinação da premissa de que a neces­ Telesystem continuaria como operadora do­

soal - SMP -, postas cm consulta pública pela sidade de escala é vital para o negócio celular minante da Telemig Celular e Amazónia Ce­

Anatei, retiram muitas das barreiras existentes com as novas condições dc contorno criadas lular (que já operam sob o comando de uma

hoje, pelo menos para as operadoras que aceita­ pelas diretrizes, acrescentados os temperos das mesma holding c, como estão na mesma "área

rem migrar do SMC para o SMP. Haveria, informações, rumores c boatos que já circulam dc prestação", iriam provavelmente fúndir-sc)

porém, uma restrição: fusões e/ou incorpora­ pelo mercado e das declarações dc vários diri­ e buscaria aumentar sua participação no mer­

ções só poderiam ocorrer entre operadoras dc gentes de empresas, vêm surgindo, das mais cado via novas licenças de SMP.

uma mesma área das três "áreas de prestação" diferentes análises, algumas indicações sobre o 7) Já a Bell Canadá, segundo rumores que

criadas pelas diretrizes, correspondentes às áreas novo mapa das comunicações celulares. correm no mercado, estaria costurando um

de concessão da Telemar (Área I), Brasil Tele­ Sempre ressalvada sua prematuridade (as forte consórcio com SBC, Tclmcx e Algar.

com (Área II) cTelefônica fixa (Área III). diretrizes ainda estão em consulta pública c o Por esta razão, e também por sua participação

Na decisão sobre migrar ou não para o SMP, primeiro round do SMP, para a Banda C, só nas "espelhos" Vesperes, seria uma forte con­

as operadoras do SMC ainda terão de avaliar o deverá ocorrer cm dezembro), vejamos algu­ corrente a uma ou mais licenças de SMP. Em

tradeojf entre os ganhos dc uma faixa adicional mas destas indicações: relação à Vésper, entretanto, sua rede de VVLL

na frequência dc 1.9 GHz c de licenças para 1) A Intelig parece bastante disposta a con­ seria mais conveniente à 3G, que vai operar na

operar longa distância nacional c internacional correr a uma licença "nacional" c seu alvo prin­ faixa dc 1.9 GHz.

a partir dc 1.* dc janeiro de 2002, contra a cipal deverá ser a Banda C, na qual fortes con­ 8) Sobre Bell South, comenta-se que a pre­

obrigatoriedade de passar a oferecer, a seus cli­ correntes (Telefônica,Telecom Itália, Embra- ferência seria por aquisições de operadoras

entes, a possibilidade dc selecionar a prestado­ tcl c outros) ainda estarão fora do jogo. atuais nas Bandas A e B (que, pelas novas

ra para encaminhamento das chamadas dc longa 2) A Embratel também deverá entrar forte regras, poderiam transferir seu controle aci­

distância, extinguindo seu atual livre arbítrio na briga pelo SMP, mas estará restrita às onário se migrassem para o SMP) e queTCO

sobre o encaminhamento deste tráfego. Deci­ Bandas D c E. Celular c NBT (Splice) e Tess (agregando o

são nada fácil, convenhamos. 3) Também restrita ás Bandas D c E, a Tele­ interior dc São Paulo à Capital, onde a Bell

As diretrizes também trazem as regras bási­ com Itália deverá buscar aumentar sua parti­ South já opera através da BCP) seriam seus

cas para a licitação dc nove novas licenças de cipação no mercado, principalmcnte através alvos preferenciais.

SMP, três para cada uma das três "áreas dc de operações em São Paulo c/ou Rio dc Janei­ 9) Além dc Splice c Telia, várias análises apon­

prestação". Esta licitação seria feita em etapas ro, onde não está presente hoje. A Região II tam Global Telecom como possível alvo de

sucessivas para as novas Bandas C, D c E.Tam­ (Sul c Centro-Oeste), onde a Telecom Itália aquisição por outras operadoras. As três são as

bém, aqui, uma restrição importante: as atuais já opera na telefonia fixa através da Brasil Te­ que têm as menores participações no merca­

concessionárias do STFC e suas controladoras, lecom, também não deve ser esquecida. do (além da Scrcomtel, mas esta é uma ope­

controladas c coligadas não poderiam partici­ 4) A Telefonica, como sempre, deverá vir com radora ainda por ser privatizada). Algar, ape­

par da Banda C, o que significa que Embratel, bastante apetite, porém muitos apostam que sar de sua participação hoje, não entraria na

Telemar, Brasil Telecom (c Telecom Italia e São Paulo não deverá ser um alvo dos espa­ lista porque, além dc operar no Rio de Janeiro

Opportunity) e Algar estariam fora do pri­ nhóis. Os que assim opinam baseiam-se num via ATL, estaria buscando fortalecer sua posi­

meiro round da disputa. novo Tratado dc Tordcsilhas entre Telefonica ção através de uma forte política de alianças.

Já as atuais operadoras das Bandas A c B e Portugal Telecom (que já opera em São Paulo O mercado, entretanto, é dinâmico, e muita

poderiam entrar na disputa pelo SMP desde o através da Telcsp Celular), pelo qual as duas coisa poderá - e deverá - acontecer até de­

primeiro round, mas a operadora que ganhar operadoras não entrariam em competição di­ zembro, quando deverão ser abertos os enve­

uma licença dc SMP para uma "área de presta­ reta. Portugal Telecom, aliás, tem declarado lopes com as propostas para a Banda C - e

ção" onde já opere terá dc optar entre desfa- forte interesse cm expandir suas operações. entregues os envelopes para as Bandas D e E.

zer-se da operação atual ou abrir mão da parte 5) Tanto Telefonica quanto Telecom Itália Vamos ver o que acontece até lá.

da área da nova licença dc SMP coincidente defrontam-se com problemas nas Áreas I c II.

com sua atual operação - o que é um razoável Ganhando uma licença dc SMP numa destas * Fernando Ceylão é diretor da Globalstar

"complicador" para algumas operadoras. áreas, teriam dc desfazer-se dc suas atuais ope­ do Brasil e associado da Telebrasil.