Page 66 - Telebrasil - Julho/Agosto 1999
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A c a b o u a l u a - d e - m e l ?
Paulo Cordeiro*
s recentes transtornos envol ta forma a canalização de significati iniciativa ou
vendo a mudança do siste vos investimentos para a área de co Paulo Cordeiro d ° Ü B Ü
ma de ligações de longa dis municação de dados, satélites e servi ocorrerão atra
tância provaram que as operadoras pri ços de valor adicionado. vés de acordos empresariais que não terão
vatizadas não estavam preparadas tecni Chegou o momento do Congresso Na registro público, sendo muito perigoso pari
camente para a alteração do software de cional, através da Comissão de Ciência todos os envolvidos.
suas mais de 10 mil centrais telefônicas e Tecnologia, Comunicação e Informá Os principais problemas que a Anate!
em todo o País. A este despreparo se tica da Câmara dos Deputados, iniciar o enfrenta hoje são:
sobrepôs uma constante troca de acusa debate para avaliação deste novo mode . o marco regulatório não levou em cont
ções, na qual ninguém assumiu sua par lo, tendo cm vista a correção dos rumos as circunstâncias econômicas do País. Per
cela de responsabilidade. tomados até aqui. Isto é importante, por exemplo: a exigência de 51% de contro!;
Entendo que o relacionamento entre que hoje trabalhamos com cenários ver das empresas da Banda B num períod c
as operadoras c mesmo destas com a dadeiros c não imaginários, como ocor em que o PIB brasileiro está em declínio
Anatei tenderá a ser cada vez mais ner ria em 1997. Devemos ampliar a desre- e recursos externos não estão disponível'
voso e menos diplomático. gulamentaçao c aumentar a competição, está criando dificuldades para os empre
O fato é que quando foi elaborada a diminuindo os entraves para novos in sários brasileiros;
6 6 Lei Geral das Telecomunicações, sanci vestimentos em serviços c tecnologias. . as licitações desertas e os baixos valo
julhoagosto/99
onada em 16 de julho de 1997, traba Lembro-me muito bem que Serjão di res pagos pelas licenças das empresas-es-
lhava-se com cenários futuros. A forte zia (jue após a sanção desta lei e a apro pelho indicam que os parceiros estratégi
personalidade do então ministro Sérgio vação de leis complementares que vies cos estrangeiros estão desestimulados com
Motta à frente do processo dc transfor sem a dar forma ao novo marco regula- o Brasil, no presente; e
mação do modelo de telecomunicações tório brasileiro do setor, como o Fundo . vários parceiros brasileiros nas opera
brasileiro fez com que o favorecimento comunicações (FUST), o Fundo dc De doras não dispõem dc recursos significa
de 1 Universalização de Serviços dc Tele
Telebrasil grandes concentrações dc operações c senvolvimento Tecnológico de Teleco pode criar um tipo de concentração que a
da concorrência e o impedimento de fu
tivos, a não ser os fundos de pensão, o qu*
turos monopólios privados - ou mesmo
Anatei está tentando evitar.
municações (FDTT) e o novo código dc
serviços para um mesmo grupo — fos
radiodifusão, acabaria a necessidade de
Muitas foram as mudanças acontecida
sem imaginados nos mínimos detalhes. existir o Ministério das Comunicações, no controle das companhias. 0utras.de
Serjão queria uma prestação de servi pois a área de radiodifusão seria também acionistas, ainda são esperadas, mesmo
ços de melhor qualidade e mais baratos, transferida para a Anatei. com as restrições do marco regulatório. 0
a possibilidade de escolha da prestadora Além dc estarem encalhados no Con- fato é que o tamanho das concessões fa j
de preferência do usuário c o avanço tec gresso o FUST e o FDTT, o novo códi muito grande para a participação do setor
nológico, dotando o Brasil com uma das go de radiodifusão sequer chegou ao Le privado nacional. Poucas foram as empre
melhores redes mundiais. gislativo. Discute-se inclusive a mudan sas brasileiras que puderam participar.
Com toda essa preocupação, a LGT ça de endereço da destinação dos recur A necessidade de revisão do marco tt
acabou concedendo condições excepci sos dos grandes fundos. A impressão é gulatório é ocasionada pelas pressões so
onais de decisão ao órgão regulador, cm que deseja-se ressuscitar o velho forma bre a propriedade, que têm se tornado api
vez de possibilitar uma ampla desregu- to do MiniCom. rentes desde a desvalorização da moetn
lamentação dos serviços. Devido à cul Entendo que seria um retrocesso essa brasileira. A expectativa é que essas p # 5 '
tura do setor de telecomunicações no mudança, causando um enfraquecimen sões poderiam resultar na necessidade dc
País, isto acabou gerando uma excessiva to irreversível à Anatei, principalmente mudar mais, acelerando a desregulamflM
interferência naquilo que deveria ser mais no que diz respeito à sua independência tação e possibilitando a rápida obtenção
competitivo e desrcgulamentado. e autonomia na defesa dos interesses dos de novas licenças, além de fusões e aquisrj
Um exemplo disto são os impedimen usuários. ções das companhias estabelecidas.
tos para que investidores em operadoras Ela deve reconhecer que não é bom
do STFC, mesmo que minoritários, fa para o seu futuro continuar a aceitar fa
* Paulo Cordeiro é presidente da Inepar Telecom e ex-
çam mais inversões em empresas prove tos consumados, pois uma vez que as mu deputado federal. Como parlamenta^ exerceu a vice-
doras de outros serviços, obstruindo des danças não aconteçam por sua própria presidência da Comissão Especial que elaborou a IGI