Page 57 - Telebrasil - Março/Abril 1999
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V a r i a ç ã o c a m b i a l b e n e f i c i o u c o n t r o l a d o r e s
tes grupos e obteve deles em
C ontroladores de empre bilhão, a Iberdrola lucrou cerca Os três grupos se comprome préstimos em dólar (USS 2,354
teram a pagar R$10,7 bilhões
de USS 120 milhões e a Portu
sas de telefonia fixa e
bilhões da Telefónica, USS
por estas duas celulares e
gal Telecom, USS 600 milhões.
elular, os grupos espa
nhóis Telefónica de Espana e O ganho maisalèlesp 1,256 bilhão da Portugal
Iberdrola e o português Portugal acum ulado ( a t u a l Telecom e USS 266 milhões da
Telecom economizaram US$ dos três gru Telefônica) Iberdrola).
1,7 bilhão ao anteciparem o pa pos pratica e a Telesp No auge da desvaloriza
gamento de suas concessões (em m ente cor Celular, cor- ção do real estes grupos anun
reais) durante o período em que responde ao icspondentes ciaram a conversão destes
a cotação da moeda nacional valor em dó naquela é- empréstimos em pagamen
superou RS 1,90. Ao liquidar a lares da Tele Sudeste Celular poca a USS 9,23 bilhões, dos to de suas dívidas pelas ope
sua dívida de RS 4,056 bilhões (USS 1,168 bilhão) e da Tele quais 40% pagos à vista. radoras. Esta iniciativa lu
com o governo brasileiro com o I .este ( Celular (USS 368,2 mi Dois meses depois do leilão, crativa para eles chegou a ser
dólar neste patamar, a 'Tele lhões), considerada a cotação pressionado pela perda de dóla anunciada no Brasil como
fónica economizou l iSS 1,074 do dia do leilão da Telebrás. res, o governo pediu ajuda a es exem plo de confiança do
e m p re sa r i a d o es t r a n ge i ro.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - E c o n o m i a
R e a j u s t e f i s c a l e t r a n s p a r ê n c i a
Sydney A. latini Telebmsil
Estado não pode mais viver além de seus das, porque não há recursos; que o excesso de bu
limites, gastando mais do que arrecada. rocracia governamental inibe o bom desempenho
Não só o Estado, mas também as empre das empresas e que, enfim, o somatório dessas
sas, as pessoas, todos enfim. ( lhega sempre o mo deficiências torna a produção nacional cara e não mar-abr/99
mento em ((iie, de uma forma ou de outra, o equi competitiva no mercado interno e no mercado
líbrio tem de se restabelecer. internacional.
Eundado nessa premissa básica, o (ioverno fe Por outro lado, as páginas dos jornais estão
deral transformou seu Programa de Estabilidade cheias de noticiário sobre corrupção, sobre salári
fiscal no objetivo máximo de sua gestão e, para os astronômicos, pagos a categorias privilegiadas,
atingi-lo, espera que a Nação compreenda suas in construção de obras faraônicas ou inacabadas e
tenções e que abra mão de suas próprias aspirações - até ao ociosidade no serviço público.
sacrifício - pagando mais impostos, recebendo menos salários O cidadão tem não só direito mas o dever de saber o que
(aceitando até o desemprego), auferindo menores lucros, eon- o governo está fazendo com o seu dinheiro. Compreende-se
formando-sc com serviços públicos deficientes (ou mesmo, que uma Nação se constrói com sacrifício. Mas sacrifício
em alguns casos, nenhum serviço público)/Tudo para que as consciente. Não se pode esperar que as autoridades cobrem
contas públicas se equilibrem e para que... depois tudo atinja o máximo dos contribuintes sem prestar contas à sociedade
a normalidade. Uma normalidade tão distante, no passado, sobre o destino do dinheiro.
que parece quase impossível atingi-la no futuro. Miremo-nos no exemplo de países que já conseguiram
Assim, tem lógica a pergunta que todo cidadão faz: “O superar o nosso estágio de desenvolvimento, nos quais o
que o governo está fazendo com o meu dinheiro?” dinheiro do contribuinte entregue ao governo é objeto de
Considerando o que arrecadam os três níveis de governo permanente vigilância, desde a discussão da proposta or
(federal, estadual e municipal), cerca de 30% são subtraí çamentária . Em países civilizados, a proposta orçamen
dos, em tributos, de tudo que o País produz em mercadorias tária é amplamente discutida pela nação; o orçamento
e serviços. Supostamente para atender a despesas nas áreas não é apenas um documento hermético, somente acessí
de educação, saúde, segurança pública, justiça, construção vel aos iniciados, mas é traduzido em linguagem popular
de estradas, portos, saneamento, enfim tudo o que justifica a e fartam ente divulgado, ao alcance de qualquer cidadão,
existência de governos. até nas bancas de jornais. E os cidadãos se manifestam
Mas o que se constata é que os professores, os médicos, os individualmente ou através de entidades comunitárias
policiais, c a esmagadora maioria dos senadores públicos são que impõem sua vontade através de seus legítimos repre
mal pagos, justificando-se, assim, a má prestação de servi sentantes nos parlamentos.
ços; que as obras públicas não são construídas ou conserva ( S y d n e y A . I / i t i n i é e c o n o m i s t a )