Page 70 - Telebrasil - Maio/Junho 1997
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                                                                                                                                                                                                                      Márcio Araújo de Lacerda  (*)









                                 processo brasileiro de privatização das telecomunicações                                                                                                                           (B)  O  anúncio  de  mudanças  de  alíquotas de  importação efins.



                                 parece  irreversível.  Não  mais  se  discute  se  é  viável  ou                                                                                                             mento à compra de equipamentos produzidos no país;


                                 não e seus adversários  ideológicos se limitam a defendê-                                                                                                                          (C ) Satanização do comportamento da Telefónica de Espana.porff:


                                 lo em  um  só bloco.                                                                                                                                                         tender  importar tudo de  seu  país de origem.  Esta denúncia foi inioi.



           A venda da banda B está ocorrendo de acordo com o cronograma. E                                                                                                                                    por mim em um Seminário Telebrasil, em Belo Horizonte, há dois ai


           a discussão em torno da Lei Geral de Telecomunicações se concen­                                                                                                                                         (D)  Nosso  ministro  defende  a  maioria das  ações de operadoras«



           tra  em  poucos  pontos:  percentual  de  capital  estrangeiro,  univer­                                                                                                                           mãos  de  brasileiros,  a  valorização  de  nossa mão-de-obra gerencia!ti


           salização, subsídios,  número de empresas, cronograma de competi­                                                                                                                                 não necessidade de  sócios estratégicos.


           ção e  política industrial.                                                                                                                                                                              Isto é suficiente? Penso que não.



                  Como  cidadão,  penso  que  o  atual  governo está conduzindo o                                                                                                                                  Política industrial  não é palavrão. Cada país tem a sua para seruc.


            processo de forma séria e esta  fase  poderá passar para a  história                                                                                                                             como  ferramenta na defesa de seus interesses estratégicos.


            como  algo  de  que  poderemos  nos  orgulhar  pelos  seus  aspectos                                                                                                                                   O que fazer? Penso que a vontade política de um governo forte cap:



            éticos.  A dúvida c a angústia que persistem hoje é se esta venda de                                                                                                                             de dirigir muitas decisões que afetam mercados no Brasil. Mas o ao»


            ações e concessões não está excessivamente vinculada ao imediatismo                                                                                                                              no pode mudar e não sabemos quem virá em seguida. É necessárioíi;


            da  geração de  caixa e estimulada ainda  pela visão  liberal  de que  a                                                                                                                         mais  estruturado.  Nossas  sugestões:



            liberdade para investir em um ambiente competitivo irá resolver lo­                                                                                                                                    (1)  Incluir  na  Lei  Geral  a  obrigatoriedade da manutenção do ata


            dos os problemas de  demanda por serviços.
                                                                                                                                                                                                             sistema  de  qualilicaçao  de  produtos.  A  parte gerencial e documet-


                  Esta  receita  liberal,  segundo  seus defensores  extremados,  cuidaria                                                                                                                   sciia controlada pela Agencia Reguladora e os testes executados por»


            de  escolher,  também  por  mecanismos  competitivos  de  mercado,  as
                                                                                                                                                                                                             (  PqD  transformado em  prestador de serviços. Devemos recusar a p

            melhores opções  de  suprimento  de  equipamentos  e serviços  para  as                                                                                                                          posta  de  aceitar  testes  realizados  em  outros  países.  Precisamoscw



            empresas privatizadas.  Nosso receio é estar assistindo á construção de
                                                                                                                                                                                                             empregos qualificados aqui e usar os testes como barreiras não tariíánt

            um largo corredor de importações, á instalação de reservas de mercado                                                                                                                            A  Argentina eliminou estes testes com a privatização e já se anepenfc


            de sinal trocado, uma reedição high-tech dos tempos do colonialismo.                                                                                                                                   (2)  A  Agência  faria  a  definição  dos  padrões exigidos nestes teat



                  As  decisões  de  compra  nas  operadoras  privatizadas  terão  forte                                                                                                                      Lsta  e  também  uma  barreira  não  tarifaria e devemos usá-la semcor^


            conteúdo político, principal mente naquelas com participação de es­                                                                                                                              trangimentos, como todos os países desenvolvidos.


            tatais européias.  Estas empresas funcionam como braços agressivos                                                                                                                                     (3) As decisões sobre entrada de novas tecnologias, por exemplo, ATM



            de política industrial de seus países de origem e, ao darem seus lan­                                                                                                                            rede inteligente etc, seriam autorizadas pela Agência, levando em m


            ces de compra de participações acionárias, levam em conta, além da                                                                                                                              deraçao, sem prejuízos para o usuário, o tempo necessário para adi­


            receita  de  serviços,  o  poder  de  compra  das operadoras.  O  que  se                                                                                                                       ção do parque  industrial do país.                                                                                                                                X



            delineou  na CR f já ocorre na Light do Rio,  recém-privatizada.  Po­                                                                                                                                  (4)  C  riaçao  de  fundo  destinado  ao  desenvolvimento de nc>-*


            demos perder, por omissão, a oportunidade de manter o que de posi­                                                                                                                              tecnologias no país, gerido pelo  BNDES.                                                                                                                            X


            tivo foi construído no passado, em termos de geração de tecnologia c                                                                                                                                   (5)  Obrigatoriedade  para  as  operadoras  estrangeiras aqui install



            industrialização,  fazendo  as  mudanças  necessárias.                                                                                                                                          de  exportarem  para outros  países  produtos brasileiros competitive»^


                  No passado tivemos uma reserva de mercado de fato para a indús­                                                                                                                           base  1  x  1  em dólar para compensar importações de produtos sem



            tria  local  de  telecomunicações,  depois  reforçada  pela  Lei  de                                                                                                                             petidores  nacionais em preço.


            Informática.  Esta reserva gerou empregos, tecnologia, competência                                                                                                                                    (6)  Reunir os  ministérios das Comunicações, Ciência e Tecnolc?1-


           gerencial.  Seu  principal  equívoco  foi  não  ter  exigido  uma                                                                                                                                 Indústria e Comércio, mais empresários e sindicatos, para discutir at'



            contrapartida em exportações, redução de preços e desenvolvimento                                                                                                                                mulação  de  Política  Industrial  de  Telecomunicações, cobrindo poaP

            de componentes.                                                                                                                                                                                 não  incluíveis  na  Lei  Geral.  Algo  no  estilo  e  conteúdo do Rc>



                  O nosso mercado  hoje está aberto à competição internacional.  A                                                                                                                          Automotivo.                                                                                                                                                       X



            importação  é  livre,  as  alíquotas  médias  são  baixas,  competem                                                                                                                                  (7) Dividir o Sistema Telebrás em apenas duas grandes empresas. ^


            tecnologias nacionais e importadas. As regras de entrada são claras,                                                                                                                            de serviço local e outra de grande distância (1-Embratel, 2-Conjunt^


            definidas pelos processos de cadastro, registro, AQT etc. A Lei 8666,                                                                                                                           Operadoras) e privatizá-las sob controle nacional, com competiçãoi^


            apesar de seus defeitos, é um instrumento democrático de seleção.  Se                                                                                                                           diata  entre  elas  em  todos  os  serviços.  Objetivo:  ter massa critica



            algum  polemista de plantão falar em reserva de mercado é só mostrar                                                                                                                            competição a nível internacional, abrindo mercado para produtos N*'


            a ele a quantidade de tecnologias de comutação instaladas e o déficit                                                                                                                           leiros.  Manter golden shares em ambas, para garantir nossos intend


            provocado por telecomunicações em nossa balança comercial.                                                                                                                                      estratégicos.



                  No momento, a ação do governo nesta área está centrada em qua­                                                                                                                                  Penso que,  desta  forma,  poderiamos fortalecer a indústria brasil-

            tro vertentes:                                                                                                                                                                                  impedindo a criação de corredores de importação.



                  (A) A  inclusão no projeto da Lei Geral de referências genéricas a


            incentivos  futuros à produção de equipamentos e desenvolvimento


            de tecnologia no país;                                                                                                                                                                                                                                                           (*)  Diretor -  Presidente da Constrf
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