Page 36 - Telebrasil - Março/Abril 1997

ADMINISTRAÇAO

c ír c u lo side no interior deste círculo. cessivos períodos: experimenta as fases de
A empresa, qual uma figura disforme, re­

formação, de crescimento, de maturidade e de

declínio, num processo contínuo, ciclicamente.
Concentra na sua estrutura energia que a

Cabe aos dirigentes entenderem em que mo­
impulsiona na direção da periferia, na direção

da utopia. É a permanente busca do desenvol­ mento sua empresa se encontra e buscar

Ensaio sobre Planejamento vimento. compatibilizar crenças, cultura, e valores - que

Alguma vezes, contudo, a energia interna é pou­ são quase que imutáveis - com a realidade da­
Estratégico Empresarial
ca, insuficiente, incapaz de impulsioná-la na quela fase específica.

medida desejada: falta força, falta poder. Mesmo em organizações, aparentemente se­

Em contrapartida, em outras oportunidades, melhantes. os problemas são de difícil compa­

quando existe energia suficiente, poder bastan­ ração já que elas podem estar situadas em
Colaboração: Hélio Kestelman (*)
te. aí então, são as forças antagônicas, os óbi­ estágios diversos do seu desenvolvimento com

ces. obstáculos de toda ordem, internos ou ex­ problemas ocorrendo em diferentes níveis de

igura geométrica perfeita, ou quase. ternos. que surgem se opondo e dificultando o sua estrutura.
F
Carece de um número “ n "para descrevê- avanço idealizado. As empresas têm aspectos em comum, em­

lo, para traduzir alguns de seus mais im­ E quando tais óbices, por força de estratégias bora cada uma seja única.

portantes significados, sua área. seu perí­ bem concebidas, são superados, eliminados ou Elas aparecem como se fossem impressões di­

metro, etc. contornados e se tem a ilusão de que se está gitais. no sentido de que não existem duas iguais.

E o “ ii “é um número sem fim, como. em vias de alcançar o objetivo maior - o limite Mesmo levando-se em consideração que

também, é sem fim o limite do polígono que vai do círculo - eis que ele se afasta, se distancia, cada uma tem a sua individualidade existem,

crescendo em número de lados até poder se tra­ impondo uma nova sequência de pequenos e porém, certas uniformidades estruturais, e até

duzir e se representar num círculo. sucessivos avanços, de outras guinadas e con­ mesmo comportamentais. que permeiam todas

Eis a utopia. O círculo, perfeito, é a pró­ tornos estratégicos. as impressões digitais e todas as organizações e

pria utopia. Independentemcnte do momento, das pesso­ facultam a aplicação de critérios, se não iguais

O desejo maior, o inatingível, a perfeição. as que compõem este sistema, do estado pelo menos similares, no estabelecimento das

No imaginário da vida, à medida que dele nos tecnológica da arte. do local onde atua ou do principais regras de condução ou na identifica­

aproximamos, mais ele se distancia. Avança­ espaço ocupado, a realidade de uma empresa ção de seus objetivos maiores.

mos e ele nos escapa. deve ser estruturada a paitir de princípios bási­ Pode-se. até mesmo, aplicar teorias semelhan­

Quando e como atingir a perfeição? Como cos que sirvam, permanentemente, para que ela tes no seu equacionameno porém, certamente,

chegar a utopia? se desempenhe eficicnieinente. os detalhes das soluções serão diversos.

Nunca, jamais, impossível. . . Toda esta teoria, formulada na prática, re­ No que diz respeito ao próprio desenvolvimen­

Mas. e então, deixar de persegui-lo? Deixar presenta a Ciência. A habilidade de aplicá-la to empresarial, a missão ou os objetivos maio­

de caminhar cm sua direção? corretumente seria a arte. res são encarados como altamente valiosos -

Parar no tempo por ser este desafio um eter­ E óbvio que entre diferentes organizações se geral mente utópicos - e para os quais a aproxi­

no exercício quixotesco? possa identificar semelhanças e diferenças ad­ mação gradual e permanente, requer a partici­

Óbvio que não. ministrativas. técnicas e operacionais esta­ pação e colaboração de todos e de todas as par­

O sentido maior de tudo que sc espera do belecidas pela cultura, pelo poder, peros as­ tes envolvidas.

homem, dos grupos, das empresas e da própria pectos psicológicos e sociais, ou, ern uma esca­ E o sistema empresa, na essência, em sua

Sociedade é este eterno e permanente avanço. la maior, pelas pecunanaaSes de suas variáveis. caminhada em direção ao limite do círculo,

A perfeição, a utopia, é a meta. mas o avan­ políticas, econômicas e tecnológicas. impõe que cada parte de sua estrutura, seus

ço. a aproximação gradual e sucessiva, é a ra­ A cultura se representa nas atitudes, nas inúmeros sub-sistemas. se alinhem e harmo­

zão de ser de tudo que está vivo. de tudo que crenças e nos valores da empresa e incluem nizem mirando na mesma direção, na dire­

concentra energia c se encontra em permanente diferenças psicológicas individuais tais como os ção dos objetivos traçados.

estado de desenvolvimento. seus traços de personalidade. De nada adianta maximizarem-se os resul­

A utopia é. igualmente, a permanente pro­ A empresa é um ente vivo. psicologicamente tados das partes que, se não estiverem apon­

cura por um estado de equilíbrio - que também analisávcl. tando na mesma direção, poderão deixar como

não existe na sua essência - já que as carências O grupo de indivíduos que formata a empre­ produto final, qual uma equação vetorial,

sinalizam para uma siiuafiã^BBBBfcMiinrc sa possui, também, por seu turno, uma combi­ resultantes nulas ou até mesmo negativas.

falta algo" e. mais nação única de atitudes, crenças e valores. Cabe estabelecer o limite das utopias e dese­

empresas e soei etemamente As diversas necessidades, os diversos desejos nhar o rumo das empresas nesta direção do cír­

este “algo “ e. iue com ele f aspirações da empresa assim como dos indiví- culo que jamais será alcançado pois. como foi

equilíbrio se )s que a constituem, são culturalmente deter- visto, a cada aproximação ocorre um novo

rência. uma i ados. assim como o são os sistemas de valo- distanciamento tendo em vista a evolução his­

até o limite ^¦;renças e normas de comportamento de cada tórica das sociedades e de suas instituições.

É com o m p onenie e. logicamente, de seu todo. Paralelamente, todas as organizações operam

a caminhad: s atitudes também diferem de empresa para com a aprovação da sociedade e ela. a Socidade.

A sua mis*! iresa c todos estes aspectos carecem ser sin- alí está para decidir avalisar ou retirar sua apro­

globais, perm; izados em benefício de um desempenho en- vação se entender que a empresa não está de­

periferia deste PTendidocomo eficaz num ambiente no qual se sempenhando adequadamente a sua função ou

São os objetivo* busca atitudes e valores que traduzam, da a sua missão.

necessidades, anseia forma mais clara possível, o perfil da própria Os objetivos das organizações não devem

definitivas e mais relevante^ organização. conflitar com os objetivos da sociedade na qual

Por serem de grande alcance, subsistem ao O estágio dc vida, o momento, acima ela se insere.

longo do tempo e se constituem no seu referenciado, reconhece que as organizações, tais

referencial maior. como os organismos vivos, progridem em su­ (*) Delegado do Minicom no RJ.