Page 58 - Telebrasil - Julho/Agosto 1996
P. 58
ULTIMA PAGINA
T e c n o l o g i a , p a r a quê:
José Elliò Ripper Filho (*)
s telecomunicações brasileiras estão v iços de telecomunicações, obv lamente esta
A cm transição, com o governo deixan contribuição teria que ser repassada para as
do dc atuar diretamente, passando a
tanfas. Isto representa um custo muito me
ser órgão concedente e regulador Este
nor, tanto p3ra o país, como para o usuário,
processo e irreversível e terá benefícios evi
do que a inexistência no pais de base indus
dentes^ Entretanto, como di/em os america trial competitiva. Suponhamos que fosse fi
nos, não existe almoço dc graça. Transição xada uma contribuição dc 2% do fatu
tem seu preço e sc quisermos minimizá-lo, ramento das concessionárias, este sena o
temos que entendê-lo. A possível destruição aumento inicial da tanfa.
dc nosso patrimônio tecnológico c industrial O fundo poderia ser dividido em três par
pode constituir o maior destes preços. tes. numa proporção a ser definida por lei.
Num processo de competição internacio A maior parcela sena destinada a suportar
nal, tecnologia c o principal fator de um centro nacional de pesquisa e desenvol
competitividade Áreas como nossa mão-de- vimento O CPqD. ou parte dele. poderia dar
obra barata, maténa pnma c transporte dei ongem a este centro Para garantir que o cen
xaram há muito dc serem fatores significati tro se mantivesse ligado ás reais necessida
vos de custo Tecnologia é então condição des das concessionárias, apenas uma parte
dc sobrevivência. É utópico acreditar que dos recursos a ele destinados senam entre
possamos atingir competitividade nos base gues automaticamente o resto só podena ser
ando, exclusivamcnte, cm tecnologia impor utilizado como contrapartida para contratos
tada 1 odos os países competitivos em tele de desenvolvimento parcialmente financia
comunicações tem uma política tecnológica do pelas concessionárias que contribuem
ativa para o fundo.
Tomemos o exemplo dos Estados Unidos Uma segunda parcela do fundo, seguindo
há muito, o governo americano concentra o modelo americano, sena destinada a con
seus recursos dc P&D na contratação de de tratar empresas industnais c de serviços que
senvolvimentos em suas empresas, subsidi prestem serviços ás concessionárias para
ando sua infra-estrutura tecnológica. Em desenvolver produtos A última parcela,
1993, foram investidos nesse processo USS menor, sena utilizada para contratação dc
30 bilhões, quase o dobro do aplicado cm pesquisas em universidades, visando estimu
pesquisas universitárias. Ao aprovar recen- lar a formação de recursos humanos para o
temente uma lei para liberalizar os serviços setor.
dc telecomunicações, o Congresso America Este modelo é coerente com uma econo
no criou um fundo específico para desenvol mia aberta, estimulando a competição. O
vimento tecnológico em telecomunicações Centro dc Pesquisas dependena, para sua
A idéia dc um Fundo dc Desenvolvimento sobrevivência, dc conseguir vender projetos.
Tecnológico para Telecomunicações talvez C ada conccssionána pode decidir usar ou não
seja a forma mais viável dc criarmos uma os serviços do centro, as que quiserem asar
política tecnológica c industrial, compatível tenam que competir, oferecendo ao Centro
com uma economia aberta Esta política tem melhores condições para que este escolha
que se basear em estímulos e não cm coer seus projetos. Da mesma forma, as empre
ções, como no passado, deixando a cada um sas industriais e de serviços podem ou não
dos agentes económicos a decisão de como decidir desenvolver alguns dc seus produtos
melhor utili/ar esses estímulos. aqui, as que quiserem tenam que competir
Tstc fundo poderia ser criado com contri pelo financiamento do Fundo O mesmo
buições das empresas concessionárias dc ser- ocorreria com as Universidades.
(*) Diretor Presidente da ASGA Klicroeletrônlca S A