Page 20 - Telebrasil - Maio/Junho 1994

CELULAR

R u r a l c e l : a n o v a

c o q u e l u c h e d a i n d ú s t r i a

s operadoras do Sistema Telebrás encontra bastante espaço para se mo­ Motorola e, desde o final do ano passa­

- Telesc, Telemig, Telesp e vimentar, tornando o serviço na nova do, a Siemens tem uma nova solução

A Telebrasília - reunidas em Floria­ coqueluche do setor. Esse mercado, para o atendimento à demanda de tele­

nópolis, SC, firmaram carta de intenção apesar de carente, esteve praticamente fonia rural. Seu produto chama-se

para unificar a exploração do sistema estagnado pela baixa taxa de retorno do Optical Fiber Distributed Concentrator

rural fixo e que utiliza a tecnologia investimento, já que as tecnologias (OFDC), ou seja, um anel óptico que,

rádio celular. Estiveram presentes 16 disponíveis eram rádios analógicos ou ligado à central de comutação, pode

das 21 operadoras nacionais perten­ fios e cabos - que, em alguns casos, suportar até 952 assinantes em anéis

centes ao Goeal (Grupo de Operadoras podem custar de US$ 1 mil a US$ 2 mil com até 300 quilômetros de extensão.

Ericsson na América Latina), que pela por quilômetro. A tecnologia do anel No Brasil, a telefonia rural via saté­

primeira vez organizou um encontro óptico, destinada às áreas de maior con­ lite é, por enquanto, dominada pela

voltado exclusivamente para as conces­ centração demográfica, já está sendo norte-americana Satellite Technology

sionárias brasileiras. Segundo Luiz desenvolvida pelo CPqD de Campinas, Management (STM). A empresa, que

Carlos Artmann, da Brasilsat, o custo SP, juntamente com a Equitel, com existe desde 1982, faturou US$ 20 mi­

do investimento do celular fixo, da solução Siemens. lhões em 92 e tem crescimento médio

ordem de US$ 1,5 mil por terminal, é Especificado pela Telesc, o produto de 40% ao ano. E a fornecedora das 37

quatro vezes menor do que uma insta­ já existe, desenvolvido por fabricantes estações terrenas da Telebahia com a

lação rádio monocanal e ainda dá o tom como Furukawa, Pirelli e Alcoa. Trata- técnica Vsat e está se preparando para

de discar e outras facilidades de telefo­ se de um cabo óptico normal, porém de disputar a licitação do programa Pró-

nia. Disputam o mercado, empresas baixo custo (a Telesc quer um produto Rural da Telebrás.

como a Motorola, Tecnasa e Alcatel, que não custe mais de US$ 3 por metro)

além da Tetular, Gradiente, Panasonic, e com pequena capacidade - tem só seis A voz d o u su ário

Uniden, Nokia e Tecnophone. fibras ópticas. “Mas a telefonia rural

O Sistema Telebrás e os usuários não é um mercado de grande porte para O Ruralcel é um serviço de telefonia

ainda se comportam timidamente com a cabos ópticos", resumiu Miguel celular exclusivo para atender às áreas

telefonia rural celular, mas a indústria Matsumoto, diretor da Divisão de rurais, disponível, no momento, em 127

Telecomunicações da Furukawa. municípios brasileiros. Com ele. essas

Mesmo assim, a Pirelli investiu cerca regiões passam a ser atendidas com a

de US$ I milhão ao longo de três meses rapidez que o mundo dos negócios

õ
o para desenvolver o cabo solicitado pela exige atualmente. “Depois do contato

5 Telesc. “Telefonia rural é área de inter­ com a empresa técnica, o equipamento

esse para nós", disse Ludgero Pattaro, foi instalado em cinco dias", revelou
o
diretor da Divisão de Telecom u­ Célia M aria Botelho, 45, adminis­

nicações e Energia da empresa. tradora de empresas que tem sua pro­

priedade, no interior de São Paulo, be­

P retensões da indústria neficiada pelo Ruralcel desde fevereiro

último. O novo equipamento, segundo

A Alcoa destinou cerca de US$ 5 ela, facilitou muito a sua vida.

milhões para a produção do cabo, “Depois que instalei o Ruralcel na

segundo Rudney César Amirati, gerente minha fazenda, fiquei em contato com o

de vendas da empresa. Mas parece ter mundo", afirmou. Há dois anos, Célia

saído na frente da concorrência, pois Maria mora com o marido em sua pro­

em novembro do ano passado assinou priedade rural. “Antes, precisava per­

convênio com o Banco do Brasil para correr 12 quilômetros até Vai paraíso ou

usar uma linha de crédito de US$ 50 50 quilômetros até Araçatuba para ir ao

milhões para financiar projetos de ele­ banco ou fechar um negócio. Hoje. faço

trificação e/ou telefonia rural. quase tudo pelo telefone", acrescentou.

A Batik trabalha para conquistar Segundo o Serviço Móvel Celular da

pelo menos 5% dos 150 mil terminais Telesp, o programa Ruralcel tornou

rurais previstos pelo Ruralcel. “Nesse mais fácil e barato instalar telefones em

segmento, a Zetax tem longa experiên­ propriedades situadas fora do alcance

cia", assegurou o presidente da empresa da rede comum de telefonia. “No come­

Marcos Eduardo Bandeira Maia. Por ço não acreditava na possibilidade de

sua vez, o presidente da Alcatel, Ma­ ter um telefone celular na fazenda.

noel Octávio Pereira Lopes, disse que Achava que isso era coisa de ame­

“a área rural está em nossos planos". A ricano. impossível no Brasil", ironizou

Alcatel vai disputar esse mercado em Célia M aria. O Ruralcel pretende

Torre de ampliação de telefonia celular parceria com a Promon. atender 15 mil propriedades rurais

implantada pela Telerj. A Equitel atua em parceria com a neste ano. {J. P.)