Page 5 - Telebrasil - Março/Abril 1993
P. 5
e d i t o r i a l
Consolidou-se no País um pujante parque industrial.
Criação da Embratel em 1966 e, logo após, o Ministério das Comunicações em
1968. Não é engano, não. A criação da Embratel deu-se antes do Ministério das
Comunicações. Já havia então algumas empresas industriais operando no setor de
telecomunicações do País. Eram mais de mil companhias telefônicas, virtuais
clientes do segmento industrial. Sim, virtuais, pois muitas não expandiam seus
serviços, em outras palavras, não investiam. Lembro-me muito bem que eram
apenas dois os fabricantes de cabos telefônicos: Pirelli e Ficap. Logo juntaram-se
mais dois: Condulli c Marsicano. Hoje são mais de dez.
Para fabricar equipamentos havia Ericsson, Siemens e Standard. Logo a Nec
juntou-se a estas. Não vou citar as mais de 150 empresas filiadas ao Grupo Setorial
de Telecomunicações da Abinee. E há também outras não filiadas.
Criação da Telebrás cm 1972. Anos seguiram-se para a reordenação c organização
do setor. Uma empresa-pólo por estado. Nasceram: Telesp, Teleij, Telcpar, Telemig, etc.
Aos desafios de expansão seguiu-se rapidamente o crescimento do segmento
industrial. Na verdade, a indústria e as operadoras "são farinha do mesmo saco".
Servem apenas para fazer o assado e servir ao usuário. Sim, pois o grande objetivo
Ludgero José Pattaro
(Diretor da Divisão de TCs da Pi rei li e é prestar ao cliente, o usuário das telecomunicações, o melhor serviço.
Diretor da Telebrasil) Consolidou-se no País um pujante parque industrial.
Novas tecnologias: CPAs, fibra óptica, satélite, etc. Década dc 80 com stop and
got recessão e, principnlmcntc, falta de planejamento çjas encomendas muito
agravada durante os planos econômicos. Lembro-me que o Plano Cruzado, de
fevereiro dc 1986, deu-se porque a inflação atingiu a incrível marca de 14% ao
més. E já se passaram cinco planos econômicos. Por enquanto.
Chegamos á década da modernidade e competitividade: os anos 90. Há absoluto
consenso entre os industriais do setor que é necessário continuar investindo em
ganhos de eficiência c produtividade e que estes ganhos devem ser transferidos
aos custos. Mas para isso é também necessário uma base sólida de trabalho, um
volume de encomendas estável c contínuo.
O segmento industrial sabe muito bem que, cm todo o mundo, as empresas só
podem ser competitivas em concorrências no exterior se tiver um mercado interno
forte. Embora não seja regra geral, mas se aplica muito áo nosso setor, pelo
simples fato dc produzirmos no Brasil somos onerados pelo custo da ineficiência
do próprio País. Isto sem falar nos custos do dinheiro necessário para financiar
a própria produção, um recorde mundial. A indústria instalada no Brasil adquiriu
grande maturidade c continuamente produz melhoramentos em busca de maior
eficiência.
Consolidou-se no País um pujante parque industrial
É necessário repensar os termos de uma Política Industrial pelas autoridades do
setor. É necessário olhar com carinho para a indústria instalada no Brasil, que não
só gera empregos mas também investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento,
melhoria dc processos, melhoria de capacitação industrial e desenvolvimento de
novos produtos. Caso contrário, nosso pobre País e as gerações futuras terão muito
mais a perder.