Page 49 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1986
P. 49
S e t o r d e t e s t e e m e d i ç ã o
d e v e g a n h a r f o m e n t o
Alta tecnologia, baixo volume, mercado restrito caracterizam o segmento
de instrumentação elétrica para teste e medição. Valendo-se de seu poder de compra, o
Sistema Telebrás contribui para a crescente nacionalização destes equipamentos.
Getúlio Nery Cardoso*
Os instrumentos de teste e medição zação de produção imediata dos instru insucesso industrial, apenas os fatores
de grandezas elétricas são dispositivos, mentos de controle de processo. O se externos às próprias indústrias. Na ver
ou conjunto de dispositivos, usados para gundo, realizado em 1978 pela ACIESP dade, fatores inerentes à atividade in
observar, medir, controlar ou registrar — Academia de Ciências do Estado de dustrial, como má administração, capa
grandezas elétricas e magnéticas tais São Paulo, no seu 1 Simpósio sobre ins citação técnica inadequada, desde as
como: corrente, carga elétrica, tensão, trumentação (seguido pelo 11 em 1980) áreas de desenvolvimento às de produ
resistência, potência, fluxo magnético, — buscou traçar o perfil do mercado, do ção, mau dimensionamento da de
intensidade de campo magnético. Desta fabricante nacional e das fontes de re manda, falta de vocação, diversificação
classe de instrumentos, aqui abordamos cursos para financiamento. suicida, foram fatores tão importantes
os destinados a laboratórios, produção e Notamos, sem exagero, que algumas quanto os demais.
manutenção dos equipamentos do setor dezenas de estudos e trabalhos de toda Também era lugar comum apontar o
de telefonia e de comunicação de dados. espécie foram efetuados sobre o assunto usuário — acostumado com produtos
que somados aos catalogados no período importados — como um dos elos que difi
As lições do passado 1980/86, já aproximam de uma centena. cultava o surgimento e a sustentação da
Daí, retiramos a primeira lição, "estu indústria nacional. Sob o nosso ponto de
Em 1980, ao início da formulação do dos existem demais e continuam a ser vista, quando se entrega um produto de
modelo de política de fomento indus elaborados, mas e os produtos?”. qualidade a um cliente e há suporte de
trial, notamos a existência de vários es O choque do petróleo de 1973 e as rápido e eficiente serviço, a bem da ver
tudos sobre o assunto, elaborados por consequentes dificuldades cambiais do dade, a preferência acaba recaindo so
instituições e empresas públicas que País, levaram a um maior controle das bre o material nacional. O que ocorreu,
(acentuadamente na década de 70) mos importações a partir de 1975. Verifica com raras exceções, é que a responsa
tram, com acerto, a realidade em que se mos que, embora fosse esta a orientação bilidade da indústria se extinguia no
encontrava o segmento no Brasil. Dois governamental, na prática o controle ato da venda do produto — para um ins
desses trabalhos devem ser evidencia não era efetivo. Daí, subtraímos mais trumento alcançar e assegurar o respei
dos. O primeiro, publicado pelo CNPq uma lição "não basta a orientação e a to e confiança do cliente, ele tem que
em 1976, analisou o mercado brasileiro existência de órgãos de controle de im acima de tudo representar um valor.
e a viabilidade de implementar a fabri portação, é preciso que eles possuam
cação nacional. Levantou pontos que re isenção política e estrutura técnica para A situação em 1980
fletiam a situação e complexidade do exercer convenientemente seu papel”.
segmento no Brasil e identificou viabili- Caso a caso, fomos formulando nos Em agosto de 1980, completamos
sos próprios conceitos. Não havia, a nos nosso primeiro (e único) levantamento
so ver, um entendimento perfeito da sobre o segmento da instrumentação de
questão por parte de toda a comunidade T&M no Sistema Telebrás. Deste es
envolvida; isso levava a serem aponta tudo, seis pontos foram importantes
dos e criticados como responsáveis pelo para a formulação das diretrizes de tra
balho:
• importações predominantes no seg
mento (cerca de 95% das necessidades
de instrumentos supridos pelo mercado
Linha de externo);
instrumentos • desprezo aos poucos produtos nacio
da A VEL
com tecnologia nais;
digital. • aquisições não disciplinadas (identifi-
á caram-se 207 marcas diferentes de ins
trumentos);
• em vários casos, as aquisições de ins
trumentos sofisticados eram incompatí
veis com seu uso;
• em vários casos, as aquisições gera
vam ociosidade qualitativa e quantita
tiva do produto;
• as aquisições não levavam em conta a
§ existência de facilidades locais de ma
• M • • *
nutenção e as necessidades do setor em
padronizar e minimizar os custos de f