Page 64 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1986

CUR TAS
Vídeo-pirata: Brasil perde
quase Cr$ 6 bilhões por mês
Cerca de 0,5% da população brasileira
tem acesso, hoje, ao videocassete. Estatís­
ticas mais recentes indicam que existem
aproximadamente 700 mil aparelhos em
todo o País, que substituíram, em parte,
os obsoletos projetores Super-8 e 16mm.
Esse segmento tem nos videoclubes e lo­
cadoras sua fonte para conseguir filmes
cinematográficos. Porém, 95% desse
acervo, segundo a Manager Comunica­
ção, assessoria de imprensa situada em
São Paulo, são formados por fitas piratas
(cópias ilegais) que renderiam ao Brasil,
através da arrecadação de impostos como
ICM e Fundo Social, cerca de Cr$ 6 bi­
lhões mensais.
Conforme pesquisa de mercado feita
pelos fabricantes, esses aparelhos ocu­
pam atualmente o segundo lugar na lista
de bens de consumo mais desejados pelos
brasileiros, perdendo somente para o au­
tomóvel. Ao mesmo tempo, existe no mer­
cado uma oferta de aproximadamente 6
mil títulos de filmes para videocassetes,
distribuídos entre 800 locadoras e video­
clubes, mas somente 400 títulos são le­
gais, ou seja, levam o selo da Embrafilme.
Isso significa que as locadoras legais fa­
turam cerca de 5% do montante total co­
mercializado em homo video, enquanto as
duplicadoras e distribuidoras ilegais ar­
recadam 95% do mercado.
A lei da oferta
As resoluções baixadas pelo Concine
determinam que todas as fitas legais de­
vem trazer afixado um selo fornecido pela
Embrafilme e que pelo menos 25% das fi­
tas sejam de títulos do cinema brasileiro,
além de determinar que todo o processo de
duplicação das fitas seja feito no Brasil.
Na prática, essa teoria não funciona. Os
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Os melhores
filmes nacionais
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são distribuídos
pela GlohoVideo,
uma das
400 locadoras
legalizadas
no País.
• Desde outubro a Rádio USP FM leva ao ar o
Chp Informática, aos domingos, a partir das
15 horas. O programa traz informações sobre
microcomputadores, videocassetes, games,
discos digitais, análise de equipamentos, ta­
"piratas” oferecem títulos de sucesso das bela de preço, locais de compras, classificados
produtoras estrangeiras com quase 6 me­ e prêmios. A vedete, contudo, fica por conta
ses de antecedência das distribuidoras le­ dos soãwares radiofônicos, que são sinais do
gais. computador transmitidos pela emissora e
Embora de má qualidade (as imagens gravados e utilizados pelos ouvintes nos seus
das fitas piratas ainda não chegaram nem micros da linha Sinclair, MSX ou Apple.
à nitidez do Super-8) essas cópias são dis­
tribuídas sem pagar direitos autorais. E,
segundo Roberto Berbara, diretor da Ví­
deo Network (SP), "esse parece ser o
maior problema para se controlar a pira­
taria: a lei da oferta, com um esquema
operacional simples, eficiente e rapidís­
simo. Um filme quando é lançado nos ci­
nemas dos Estados Unidos é trazido para
o Brasil em videocassete pelos meios mais
informais possíveis. Da fita original é
tirada uma cópia já com legendas em por­
tuguês e desta se faz a duplicação de
quantas se necessitar. Assim, é comum
uma cópia pirata em vídeo circular antes
(ou mesmo paralelamente) da exibição
em cinemas”.
Revelou Roberto Berbara que "o Bra­
sil apresenta um dos maiores índices da • Duas faculdades de São Paulo também
pirataria do mundo, só comparável aos ad eriram à transm issão radiofônica
países do Oriente Medio, onde a cópia ile­ Anhembi-Morumbi e Ibero-Americana. Elas
gal é praticamente a única forma de co­ criaram a Fundação Brasil 2000 e em carater
mercializar ou alugar filmes. Cada cópia experimental levam ao ar diariamente a
ilegal comercializada representa prejuízo mais nova FM do Estado. Trata-se da Rádio
para o produtor, diretor, distribuidor, Brasil 2000-FM estéreo laser, que opera na
atores, exibidores, pessoal técnico; enfim frequência de 107,3 MHz. O projeto tem o ob­
para todas as atividades desenvolvidas jetivo de contribuir para a educação e o lazer
na realização de um filme”. de estudantes de 1.", 2." e 3.” graus, dando én- j
A maioria dos aparelhos videocassetes fase especial à MPB. Na foto, Marizilda Ar-
existente no Brasil não é fabricada na chanjo (Diretora Geral/Artística) e Claude
Zona Franca de Manaus e nem em São Alves (Diretora de Marketing). j
Paulo. Mais de 60% são estrangeiros e
contrabandeados em algumas fronteiras,
como o Paraguai por exemplo, com preços I
bem mais acessíveis do que os comerciali­
zados pelas lojas e "shoppings” bra­
sileiros.
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o maior e o menor
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tão sendo lançados no Brasil. O maior, fabri­
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