Page 66 - Telebrasil - Julho/Agosto 1985
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de precisão e sistemas ópticos.
Responsável pela gerência de Enge.
nharia e Telecomunicações, o engenhei
ro Chaim Tencer diz, com entusiasmo,
guiares por dia e um total de três pilotos que a Pirelli sempre primou pelo lança
que se revezam nessa tarefa. E até abril mento das mais avançadas tecnologias
deste ano tinham sido com pletadas em termos de cabos, atingindo, com isso,
m ais de 46 mil viagens fábrica-sede- a liderança técnica no mercado. E acres
fábrica, transportando aproxim ada centou: "Enquanto faziam-se evoluções
mente 116 mil passageiros. Tudo é ri em cima de um condutor metálico de co
gorosam ente controlado pelo Aero- bre, de repente passa-se de metal para o ,
transporte, um departamento da em vidro”. Foi Chaim Tencer o primeiro ho- ,
presa que cuida, especificamente, da mem da Pirelli a ir, em 1978, para a
área de vôos. Na realidade, para quem Itália e Inglaterra, a fim de aprendera
faz o mesmo percurso de carro, a viagem tecnologia da fabricação das fibras e ca
demora quase uma hora. No interior do bos ópticos. Nos anos 80, seguiram ou
aparelho de prefixo PT-HBN tudo é tros engenheiros e físicos, todos com
curioso. No ar, avista-se o prédio da Se acesso a universidades em empresas
cretaria de Fazenda, a Avenida Radial com know-how bastante avançado.
Leste e o imponente Palácio Ipiranga. O laboratório da Pirelli tem condi
Antes de chegar a Santo André, uma rá ções de produzir entre 2.500 e 3.000 qui
pida passagem por São Caetano do Sul. lômetros de fibras por ano e uma capaci
D urante o vôo, todos os assuntos sáo dade de transformá-las em cabos equi
suspensos à espera que o helicóptero co valentes. "Procuramos nacionalizado I
mece a sobrevoar os 420 mil metros qua Edifício-sede, em Sáo Paulo: centro das princi máximo, os equipamentos, e hoje, dois
drados do parque industrial da Pirelli. pais decisões da Pirelli brasileira. terços da verba empregada no labora
Para o pessoal da empresa, já bas tório são gastos no Brasil. Chegamos,
tante acostumado ao helicóptero, avis inclusive, a desenvolver um micropro
tar o novo prédio do Centro de Pesquisas integra a pesquisa tecnológica básica. O cessador que controla o processo de fa- i
se tornou uma das melhores atrações quarto andar reúne as atividades admi
em sua rotina de trabalho. E todos já co nistrativas e sociais, incluindo escri
nhecem bem seus 11 mil metros quadra tório, sala de reuniões e biblioteca. Já j
dos de área construída, distribuídos em na cobertura funcionam restaurante e
quatro andares, além do térreo. laboratório para ensaios atmosféricos. P a s t u r i n o : |
Além do Centro de Pesquisas, em
Santo André, implantado em 1983, exis No campo das fibras ópticas
tem outros no exterior, com a mesma fi " D e i x e m o s e t o r
nalidade: Itália e Inglaterra, este úl Dentro do espírito pioneiro que tem
timo inaugurado no início de década de caracterizado a sua atividade na área de t r a b a l h a r
70. cabos para telecomunicações, a Pirelli
As vantagens industriais e econômi se preparou, com bons antecedentes, e m p a z ”
cas de se desenvolver no Brasil os produ para a chegada de um filamento de vi
tos a serem utilizados em nosso país dro que se afirmou como alternativa re
deram origem ao surgimento do Centro volucionária aos meios metálicos de
de P esquisa e D esenvolvim ento de transmissão no campo da telefonia, da V ittorio Pasturino nasceu na
Santo André. Na verdade, até 1962, che dos, sinalização e uma série de outras Itália e desde menino cresceu coma
gavam aqui especialistas italianos para aplicações. Pirelli. Seu pai trabalhava na fábri
transferência de tecnologia. A partir de No momento, segundo o engenheiro ca em Milão. Lá Pasturino, como os
1975, foram contratados 53 engenheiros Pasturino, é permitido à Pirelli, após demais filhos de funcionários,cursou
e técnicos, m uitos deles enviados à exaustivos contatos e discussões, o for o jardim de infância, no interior de
Itália para cursos de aperfeiçoamento. necimento de cabos ópticos ao Sistema um belíssimo castelo, Biccoca Degli
Dois anos mais tarde, um fato decisivo Telebrás, mas não o uso de suas fibras Arcimboldi. Com o término da Se
concorreu para a construção do novo para esta finalidade. "Adquirimos as fi gunda Guerra Mundial, a família
prédio: a Telebrás encomenda à Pirelli a bras desenvolvidas pelo CPqD e fabrica chegou ao Brasil. Pasturino cursou o
produção de cabos geleados. E como a das pelo grupo ABC-XTAL. Por en ginásio e o científico no Dante Aligli-
matriz, em Milão, náo fabricava o pro quanto, exploramos as possibilidades eri, colégio tradicional e o mais pro
duto, o desenvolvimento pioneiro acon existentes em outros segmentos de mer curado pelos italianos que imigra^
teceu no parque industrial paulista. cado, na expectativa de que, com o vam para São Paulo. Logo depois,
O prédio do Centro de Pesquisa e De tempo, a decisào do Ministério das Co vieram os estudos na Escola Politéc
senvolvim ento da Divisão Cabos da municações e da Telebrás possa ser mo nica, onde, em 1957, se formou em
Pirelli brasileira custou, na ocasião, 11 dificada, em benefício do próprio consu engenharia mecânica e elétrica.
milhões de dólares, sendo quatro mi midor brasileiro”, argumentou. Como engenheiro, trabalhou ini
lhões e meio gastos na própria constru O desenvolvimento da fibra óptica na cialmente na General Eletric. Nofi- j
ção do edifício e seis milhões e meio em Pirelli foi realizado pelo Centro de Pes nal da década de 50, época do boom i
equipamentos. quisa e Desenvolvimento da Divisão dos eletrodomésticos no Brasil, Pas-
O andar térreo do prédio se destina à Cabos — Departamento de Engenharia turini atuou na General Motors. í j
pesquisa m etalúrgica e entre este e o de Telecomunicações — que projetou e em 1960, foi admitido na Pirelli.
prim eiro pavimento há um mezanino implantou maquinário de produção e como engenheiro do laboratório elé
que se subdivide em duas finalidades: controle de fibras e cabos ópticos para trico. Entre outras atividades, desen
escritórios e laboratórios metalográfi- telecomunicações. Para as demais apli volvia testes em cabos especiais e fa
cos. O primeiro andar concentra o la cações e sistemas ópticos, a fibra fabri zia as principais especificações do?
boratório de fibras ópticas. O segundo cada por este centro é utilizada pela
abrange a área de química, e o terceiro Same, especializada em cabos especiais