Page 30 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984
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C i e n t i s t a a v a l i a e s t á g i o
d e n o s s a m i c r o e l e t r ô n i c a
A microeletrônica pelas suas reper- grupo (muito bom) que envolve circuitos déficit mundial de competência muito
grande na área de projetos de circuitos
cusões industriais que revolucio
dedicados para a área de telecomunica
naram a automação, a informá
integrados, cujos especialistas são os
ções e o Instituto de Microeletrônica
tica e as telecomunicações é hoje um dos (com cerca de 30 pessoas) do CTI da SEI mais bem pagos da indústria. Assim ' e
tem as mais "quentes” da tecnologia. que está empenhado na pesquisa de cir importante que haja oportunidade da
Uma das pessoas m ais qualificadas cuitos dedicados e na montagem e en realização de projetos na área de circui
para avaliar seu desenvolvimento no capsulamento de componentes' e cujos tos integrados, pois a partir do momento
Brasil é Carlos Mammana, formado planos para os futuros 5 anos incluem a em que se passa a reconhecer que este
pelo ITA em 64 e com Doutorado na USP capacitação para geração de máscaras e tipo de desenvolvimento torna os equi
em 69, em dispositivos semicondutores para processos de difusão. pam entos realm ente competitivos no
(Germánio e Arsenieto de Gálio). Ca Quanto ao processamento indus mercado, o especialista que, antes tra
sado com Alaíde Pellegrini, uma pes trial, o encapsulamento já ocorre na balhava com circuitos prontos, passa a
quisadora interessada no desenvolvi Itaucom e a SID adquiriu da Philco/ ter interesse em projetar circuitos dedi
mento de cristais líquidos, Carlos Mam Ford um centro de difusão para circuitos cados e o nível de emprego, e a quanti
mana tem um vasto acervo de realiza bipolares analógicos e de encapsula dade desses especialistas tende sem dú
ções: estruturou em 72 o Laboratório de mento de "excelente qualidade”. Toda vida a subir”. Em outro termos, é neces
Microeletrônica da USP; em convénio via, no espectro dos diversos processos sário que haja mercado e investidores
com a Telebrás montou o Laboratório de microeletrónicos, ainda precisamos re que se disponham a investir localmente
Eletrônica e Dispositivos da Unicamp e correr às "fundições de silício” (indús nas novas tecnologias, para se criar o
agora ocupa o cargo de Diretor do Insti tria dedicadas à produção de projetos de efeito de bola de neve.
tuto de Microeletrônica do CTI da SEI. 3.‘s) no exterior — admitiu Mammana Quanto aos Recursos Humanos dis
localizada em Campinas. - quando se trata de tecnologias N- poníveis, uma recente pesquisa efetua
Ao iniciar sua entrevista exclusiva à MOS, C-MSO e de Portas de Silício. da em 9 grupos universitários revelou
Telebrasily explicou Mammana que a Para o diretor do CTI não existe um que o acervo brasileiro na área de micro-
capacitação em microeletrônica envolve ' X milagroso da questão em microele- eletrônica é de cerca de 110 pesquisa
uma série de conhecim entos, desta trônica, mas sim o conjunto de diversos dores, um número bom em termos de
cando a competência para gerar projetos elementos conjugados que formam um America Latina, mas "ordens de gran
de circuitos integrados dedicados (isto é leque dé competências e de conhecimen deza inferior” ao que se têm no Japão,
específicos para determinada finali tos. Reconhece, no entanto, o cientista na Europa e nos Estados Unidos, cons
dade) e não dedicados (para uso geral), que o item do projeto de integrados tata Mammana. A esses pesquisadores
executar sua confecção física e teste, exige um investimento muito grande devem ser acrescentados outros especia
além de saber otim izar a tecnologia para cada tipo de circuito que se quer e é listas que operam na área industrial e
para alcançar competitividade indus importante possuir este tipo de compe dos Centros de Tecnologia, mas o con
trial. E acrescentou: tência no país, porque "agradece muito junto está aquém das necessidades pre
— A microeletrônica nos dá a capaci valor ao produto final”. vistas para o país e há esforço nos meios
tação de gerar equipamentos industri Ainda segundo Mammana existe um universitários para criar condições de
almente competitivos a nível interna aumentar o número de formandos a ní
cional e temos que pensar já em termos vel de engenheiro, mestre e doutora
dos circutios dedicados e dos produtos mento em microeletrônica.
que serão competitivos daqui a 4 ou 5 Mas é na área de investimentos que
anos. No Brasil já foi criada a competên os recursos ainda são escassos para a
cia em microeletrônica desde o compo pesquisa universitária em microeletró-
nente até o sistema completo e já somos nica. Testes representam apenas cerca
capazes — tudo a nível universitário de 25% do que se estima que seria neces
bem entendido — de gerar etapas de sário. Mesmo assim o Brasil já apre
processos completos de fabricação e de senta algum resultado reconhecido a ní
testes. A nível industrial já temos com vel internacional (como nos processos de
petência em encapsulamento e teste, e a deposição de silícetos assistidos a laser-
nível de projetos competência nos insti e esse reconhecimento já se traduz pela
tutos de pesquisas. participação e pelos convites feitos a es
A seguir, destacou o cientista os uni pecialistas brasileiros por entidades in
versitários do País que efetuam pesqui ternacionais — finalizou Mammana.
sa em microeletrônica: os laboratórios Do breve panorama traçado pelo es
de microeletrônica LSD e LSI da USP; pecialista fica a impressão de que se
os laboratórios de grau eletrônico LED muito já se fez no caminho de adquiri
e LPD íoptoeletrônico) da Unicamp; o mos competência na área microeletró*
Instituto de Física e o Projeto de Circui nica, muito ainda resta por fazer, princi
tos integrados da UFRGS; os Sistemas pal mente na área industrial e na cria
Estruturados de Projetos de Circuitos ção dos recursos humanos necessários
Integrados da URFJ e o Software Apli — o que não deve ser motivo de desâ
cativo para integrados da UFMG. nimo, mas sim de estímulo, pois esta
A nível de centros de pesquisa desta m os no cam inho em que passamos a
cam -se o CPqD da Telebrás, com um Carlos Inácio ZamitU Mammana falar menos e a agir mais. Y