Page 5 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1984

E a s n o v a s g e r a ç õ e s ?

Há aproximadamente 20 anos, dos. Podemos arriscar que o futuro é mos de combinar eficiência com efi­

com o Código Brasileiro, ocorreram da teleinformática e precisamente cácia na gestão empresarial, inves­

mudanças fundamentais no setor na preparação desta sociedade é que tindo em Recursos Humanos, Pes­

das telecomunicações, especial­ temos o compromisso de reeditar o quisa e Desenvolvimento (Tecnolo­

mente com a criação da EMBRA- muito que foi feito em relação a nos­ gia) e, sobretudo, mantendo a ex­

TELedoFNT. Em seguida vieram a so passado recente, porém dentro de celência dos serviços a partir da sa­

ECT, o MINICOM, a TELEBRÁS e um contexto político com maior har­ tisfação e necessidade dos usuários

as empresas-pólo e em paralelo o de- monia e descentralização dos po­ de forma a torná-los, sempre, a ra­

senvolvimento de indústrias de deres. zão maior de nossa função de bem

telecomunicações. Uma análise despretensiosa do atender, dentro do binômio qualida-

As dúvidas que deram origem contexto atual mostra um período de/preço.

aos calorosos debates à época do Có­ de transição de regime que vem tra­ Porém, com o inevitável dilema

digo, hoje estão plenamente supera­ zendo uma generalizada campanha entre o crescimento económico e o

das diante dos resultados unanime­ de combate à empresa estatal, cen­ desenvolvimento social: otimizar o

mente reconhecidos pela sociedade, trada nos aspectos de ineficiência, econômico de forma a gerar produto

que pode usufruir dos muitos servi­ falta de austeridade e de controle que deverá ser socialmente distri­

ços que o setor oferece. Porém, uma nos investimentos, principais cau­ buído até o ponto de não inviabilizar

reflexão se faz necessária: as pes­ sas da crise que o Brasil atravessa. o próprio econômico. O econômico

soas, atualmente, acima de trinta A estatal é acusada de ter estrutura de hoje será o social do amanhã.

anos são testemunhas oculares das ancilosada. Achamos, porém, que É preciso, também, preservar o

transformações ocorridas. Fatos, uma nova atitude deverá se impor à poder de compra do sistema para o

até folclóricos, fazem parte dos tem­ empresa estatal. Postura essa que progresso da indústria, condição in­

pos em que um interurbano, uma exigirá maior liberdade quanto à dispensável para a prestação dos

carta enviada e um telefonema in­ sua gerência exigindo-se, porém, serviços de comunicação.

ternacional eram uma temeridade implacável busca de resultados, tal No momento, oferecemos à socie­

probabilística. como acontece com a empresa pri­ dade brasileira toda a infra-estru­

Mas, a admiração que a popula­ vada. E o tratamento que buscamos. tura necessária e temos a certeza

ção mais velha dedica às comunica­ Para isso, será necessário que se es­ que o futuro já chegou e, mais do que

ções também existe nas novas tabeleça maior flexibilidade admi­ isso, somos co-responsáveis por esse

gerações? nistrativa e adaptativa, de forma a novo porvir gerenciando adequada­

O Brasil é um país de jovens - torná-la competitiva, não por ocu­ mente as tecnologias que incorpora­

6 0 '# de sua população têm entre 4 e par espaços através de seu peso, e mos. O temor de que as novas gera­

30 anos. As novas gerações já nas­ sim pela sua produtividade e quali­ ções, acostumadas às facilidades do

ceram com o avião a jato, TV a cores, ficação na prestação de serviços e que foi construído nos últimos vinte

telefone em casa, DDD e DDI, ore­ apresentação dos resultados obtidos anos, não venham a participar de

lhão, as cartas sendo entregues com junto à sociedade. novos desafios, requer, do setor das

segurança, enfim com todos os ser­ E importante lembrar que a es­ comunicações, uma atitude inquie-

viços prestados com eficiência no trutura é apenas um recurso e de tante, porém, inexorável, que é o de

que respeita à qualidade e disponi­ sua flexibilidade depende sua capa­ preparar o Brasil para a Sociedade

bilidade. cidade adaptativa face aos novos da Informação. Esse é o compromis­

Desta forma uma pergunta se contextos políticos e tecnológicos. so de toda essa grande equipe que

impõe: como reeditar o sucesso dos No caso das empresas do setor, vem construindo um setor que, até o

últimos vinte anos? existe um profundo compromisso momento, tem correspondido aos

O enorme esforço que será feito em relação aos aspectos gerenciais, anseios da sociedade e que cons­

para aumentar o número de termi­ do ponto de vista operacional e so­ ciente da sua responsabilidade,

nais telefónicos e de telex, certa­ cial, tomado no sentido político, eco­ unida, dentro de um querer comum,

mente não causará o mesmo im- nómico e cultural. A informatização saberá marchar de forma segura e

pacto, em virtude de representar da sociedade demandará uma pos­ constante rumo à era pós-indus-

apenas a ampliação do número de tura que transcende a mera opera­ trial, construindo desde hoje o País

usuários de um serviço, sem signifi­ ção de sistemas. Temos consciência do amanhã, um Brasil próspero,

car uma mudança qualitativa. do quanto a teleinformática terá um justo e feliz.

Com o advento da Sociedade da papel fundamental como instru­

Informação, que se avizinha, abre- mento alavancador do desenvolvi­ Helvécio Gilson

se um amplo horizonte de desafios e mento social desde que consciente­ (Presidente do Conselho de

possibilidades a serem conquista­ mente administrada. Para isso te­ Administração)

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