Page 6 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983
P. 6
L i m i t a ç ã o d e i n v e s t i m e n t o . .
“O Sistema Telebrás não pressiona o dé as tarifas foram contidas e se o FNT foi cer tituições deste tipo pudesse ser quantifica
ficit público, o seu grau de endividamento é ceado, a explicação para o bom desempenho do, as 178 patentes que já foram registradas
decrescente e o nível de suas importações di do setor deve ser procurado no aumento de pelo CPqD, desde sua criação em 76, em
minui”, afirmou Haroldo Corrêa de Mattos produtividade das empresas”. Se em 78 ca campos tais como fibras ópticas, estações ter
em sua palestra para a turma de 83 da Es da empregado representava 58 telefones, em renas e PCM, falariam melhor do que as
cola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro”. 82 este número melhorou para 91 telefones palavras.
“As tarifas de TCs estão contidas (3% por empregado. Isto significou mais servi Quanto às CPAs, informou o Ministro
abaixo da inflação) e não contribuem para o ço para a população, mantendo baixa a con que o CPqD prossegue desenvolvendo o sis
processo inflacionário e o Fundo Nacional de tratação de mais pessoal. “O sistema repas tema RC, um concentrador digital que no seu
Telecomunicações, lamentavelmente, tem sa o usuário e o acionista, estes aumentos de entender será para as exportações do setor
outras destinações”, queixou-se o Ministro produtividade sob forma de tarifas acessíveis o que o avião “Bandeirantes” foi para a in
das Comunicações, ao explicar que existem e de dividendos distribuídos”. dústria aeronáutica.
estudos no seu Ministério para reorganizar O que se procurou como modelo indus Reconhece, no entanto, que o desenvol
os recursos do setor, incluindo tarifas, FNT trial para o setor foi alcançar um nível ade vimento das centrais temporais de grande
e participação do usuário, “que devem se quado de escala, uma independência razoá porte, do tipo CPA (por controle armazena
adequar a uma nova realidade”. vel das importações e uma redução no cus do), “não transcorreu no rítmo desejado de
to dos equipamentos. vido às limitações de recursos financeiros e
O sistema tem como força o seu grande ausência da massa crítica de pesquisadores
poder de compra, permitindo que dite as re necessários para o desenvolvimento de um
L i m i t a ç õ e s P r e o c u p a m gras do jogo, dando preferência a quem ti projeto de tamanha envergadura”. A propó
ver maior índice de nacionalização, maior sito, citou o caso da Suiça que, em 70, não ha
participação de capital e de administração via alcançado sucesso no desenvolvimento
nacionais, maior autonomia técnica e, no ca de sua CPA, mesmo depois de ter efetuado
so do fornecedor estrangeiro, maior contra um investimento, na época, de mais de 60 mi
Haroldo Corrêa de Mattos disse, ainda, lhões de libras.
que no universo das estatais as empresas de partida de importações. Quanto ao futuro das CPAs, Haroldo
telecomunicações ocupam uma posição ím E os resultados aí estão: o índice de na Corrêa de Mattos revelou que prosseguem
par. E justificou: “o custeio das operadoras cionalização hoje é de 90% e a indústria, ape as negociações com a Equitel, para a partir
representa 48% da receita corrente e apenas sar das dificuldades (porque exportar não é do projeto desenvolvido no CPqD acrescen
39% da receita global é gasta para pagar ju fácil), colocou 30 milhões de dólares de pro
ros e amortizações de empréstimos”. Mas dutos brasileiros no exterior, em 82. tar a arquitetura alemã, num casamento de
nem tudo são rosas e “os investimentos per O setor depende relativamente muito tecnologias destinado a alcançar o modelo
mitidos para o setor são limitados”, bem co pouco das importações, exatamente devido brasileiro da central temporal.
mo se reduz cada vez mais a parcela do Fun à sua filosofia de “vamos fazer as coisas em
do Nacional de Telecomunicações que volta casa". As importações das estatais caíram de
ao setor. 102 para 20 milhões de dólares entre 75 e 82 O P r ó x i m o T r i é n i o
A situação do FNT é realmente desalen- e, à exceção da Embratel, estão hoje reduzi
tadora: “Dos 225 bilhões de cruzeiros arre das a equipamentos de teste e peças de re
cadados em 83, apenas 75 bilhões retorna posição. () segmento industrial importou 249
ram para o setor” e as perspectivas para 84 e 80 milhões de dólares no mesmo período. No que denominou de “prognósticos”,
ainda são piores: “Dos 520 bilhões projeta Atendendo a uma indagação, explicou Mattos vê uma melhoria da qualidade ope
dos, apenas 10% voltarão para serem apli I laroldo que os modelos industriais de infor racional do sistema (infere-se que sem limi
c a d o s em TCs”. mática e de TCs, ainda que semelhantes, não tes nos investimentos), uma menor depen
Outro motivo de preocupação é quanto são os mesmos, inclusive por motivos histó dência de recursos de terceiros e uma maior
à limitação imposta nos investimentos do se ricos. “Algumas empresa de TCs estão aqui quantidade de produtos fabricados
tor, “mesmo no caso de existirem recursos, desde a década de 20”, a que se contrapõe localmente.
inclusive pela dispensa de mão-de-obra que a indústria de mininformática, surgida há Disse, ainda, o Ministro que o investi
causa na indústria, que poderá não existir pouco mais de 10 anos. mento previsto para a expansão das TCs no
mais quando da retomada do desenvolvi Muitas das indústrias de TCs exigem um próximo triénio será de 2.2 trilhões de cru
mento”. aporte maciço de recursos e a nacionalização zeiros, a custos de 83, destinados à instala
A falta de uma expansão adequada po do setor foi dirigida no sentido de deixar a ção de 1.7 milhões de novos terminais. Ca
de inclusive causar graves problemas opera maioria votante em poder de brasileiros, co so se confirmem esses “prognósticos”, que
cionais. Em certos pontos de S. Paulo já se mo é o caso da Daruma (100% das ações or se traduzem numa média de 420 mil termi
observa, por exemplo, uma certa demora dinárias), da Equitel (51%) e da Ericsson do nais nos próximos três anos teremos acres
quando um usuário troca de domicílio e re Brasil (74%). centado um milhão de telefones adicionais.
quer a transferência de seu aparelho, justa “Contudo - complementou Haroldo - o O desenvolvimento da tecnologia deve
mente por falta de terminais livres. setor apresenta reserva de mercado em seg rá prosseguir no sentido de uma maior digi
Demonstrou Haroldo Corrêa de Mattos mentos equivalentes ao da mininformática“ talização das redes, instalação de fibras óp
que, em 64, o país tinha 1.2 milhões de tele citando a área de equipamentos multiplexa- ticas e de centrais eletrônicas e a implemen
fones e uma densidade de 1.6 telefones por dores e de fibras ópticas que “foram entre tação da infra-estrutura necessária às exi
100 habitantes. Hoje conta com 7.5 telef./ gues a capitais locais”. gências da informática.
100 hbts. “uma posição modesta que mos Na oportunidade, Helvécio Gilson, pre
tra que a demanda interna está mal atendi sidente da Embratel, falou sobre a Rede Na
da”. O Brasil tem densidade telefônica abai C P q D e C P A s cional de Pacotes-Renpac, explicando que foi
xo, inclusive, de países como Costa Rica (10) desenvolvida com transferência de tecnolo
e Argentina (13). gia da Sesa (francesa) e com participação,
Historiando a contratação de terminais dentre outros, do CPqD da Telebrás e da Co
verificou-se que já chegamos a encomendar Uma janela para o futuro, mas já dando bra. Os equipamentos para a Renpac já es
um máximo de 1 milhão de terminais em 74, resultados no presente, é o Centro de Pesqui tão chegando - disse Gilson - e a rede deverá
com uma baixa (exagerada) para 200 mil em sa e Desenvolvimento da Telebrás, que con entrar em funcionamento a partir “dos mea
77, estabilizando-se para cerca de 400 mil tou em 83 com recursos de 8.7 bilhões de cru dos de 84”, com tarifas que estão sendo dis
unidades, em 83. zeiros e é responsável pelo desenvolvimen cutidas, inclusive com a participação dos fu
“No entanto - raciocinou o Ministro se to de ponta do setor. Se o resultado em ins turos usuários. 1