Page 40 - Telebrasil - Março/Abril 1983
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i n f o r m á t i c a
L i s a : a n o v a m á q u i n a R i o d á
d a A p p l e C o m p u t e r
p r i o r i d a d e
Apple quer dizer maçã em inglês, O Lisa parece contornar um dos p a r a
mas também e o nome de um pequeno maiores desafios da informática, que é
gigante da Califórnia, a Apple Compu o de como ensinar o leigo a usar um
ter, dirigida por um chaiman de ape computador, para o que possui quase 2 i n f o r m á t i c a
nas 27 anos. Um dos grandes sucessos Mbytes reservados apenas para sua
alcançados pela empresa foi o lança programação. O software do Lisa en
mento há seis anos do Apple II, um dos globa seis funções básicas: processa A informática já tem a garantia de
primeiros computadores pessoais fa mento de texto, gráficos, gerencia tornar-se prioritária dentro da política
bricados fora da linha de kits para os mento de bancos de dados, controle de industrial do Rio de Janeiro. Um pro
curiosos em eletrônica. Custando me projetos, análise de tabelas e desenho. gram a de apoio está em desenvolvi
nos de 3 mil dólares, o Apple II com Mas não é só. Os dados entre as di mento pela Companhia de Desenvolvi
uma biblioteca de mais de 16 mil pro versas funções do Lisa podem ser tro mento do Estado (Codin) e pela Associa
gramas, já encontrou cerca de 700 mil cados, o que permite que uma tabela, ção Brasileira da Indústria de Compu
compradores. por exemplo, possa ser transformada tadores e Periféricos, Abicomp. 0 Es
Em 81, a firma lançou o Apple III, num gráfico, que por suá vez pode ser tado, segundo o presidente da Codin, é
uma versão mais poderosa do Apple II incorporado a um texto, o que repre responsável por cerca de 53% do fatura
e destinada a ser utilizada em escri senta sem dúvida um feito notável. mento nacional do setor e cresce a um
tórios, mas que não obteve muito su- Mas a característica mais marcante do ritmo de 25% ao ano.
Lisa é a comunicação gráfica com o ser Os insumos da indústria de informá
humano que é feita diretamente atra tica foram divididos pela Codin em com
t i I h r . 2 vés da tela. ponentes eletrônicos, componentes me
A programação é feita de tal modo cânicos padronizados, tais como mo
que aparecem na tela pequenas ima tores, relés e ventiladores, componentes
gens ou símbolos significando as fun de baixo custo e placas de circuitos im
ções a serem efetuadas pelo Lisa. Po pressos, que permitem o aparecimento
dem por exemplo aparecer na tela vi
das pequenas e médias indústrias.
nhetas de uma calculadora, de um me Contando com a Cobra, a Microlab, a
morando ou de um gráfico. Um cursor Cirpress, a Conpart, a Digiponto, a Glo-
luminoso se move na tela e pode apon
bus, a Racimec e muitas outras indús
tar para uma dessas vinhetas de trias nacionais, além de universidades,
acordo com a função desejada.
empresas de software, bureaux, centros
Isto é conseguido através de um pe
de pesquisa e facilidades de empresas
queno carrinho ligado eletricamente m ultinacionais, o Rio de Janeiro se
ao computador. Quando o carrinho se
I afirma no cenário do país como um pólo
-
desloca sobre uma mesa, o cursor lu irradiador de tecnologia.
m minoso se move de modo correspon
* L t
dente sobre a tela. A comunicação com
K
a máquina fica então bastante simpli
O sistema Lisa usa um teclado para entrada
ficada: se o executivo deseja imprimir
de números e dados e um carrinho para a en
um texto da tela, ele move o carrinho
trada de instruções na tela.
até que o cursor se posicione sobre a D o i s d e
palavra PRINT que está na tela.
cesso. O Apple 11 vendeu apenas 3 mil Então aperta uma tecla no carri
máquinas mensais, contra 20 mil do nho. E pronto! A impressora do sis Pelo Decreto 87.890, de 24.12.82, a
computador pessoal da IBM que con tema imediatamente passará a impri SEI pode agora contratar especialistase
corre na mesma faixa. mir o texto correspondente. O carrinho consultores técnicos o que antes era fei
Para reverter a tendência, a Apple é portanto reservado para definir fun to por um acordo com a Digibrás. A Se
lançou, em janeiro último, sua mais ções e o teclado para entrar com dados cretaria passará a elaborar, com base
nova criação que denominou Lisa, um e números. Um sistema de fato sim em dotações específicas, o seu orça
sistema que será vendido por 10 mil ples, que pode ser utilizado por qual mento próprio, utilizando os recursos do
dólares. A máquina pode armazenar quer executivo e até mesmo por uma Fundo para Atividades de Informática
em sua memória principal até 1 mega criança. — FAI, que inclui também importân
byte de informações e com auxílio de O segredo do Lisa reside sem dú cias provenientes de prestação de sem
memória externa até quase 7 milhões vida no seu software, e que empregou ços, fornecimento e alienação de bèns e
de bytes. mais de 100 técnicos durante 3 anos repasse de outros fundos.
O forte do Lisa, no entanto, não é para ser obtido. Mas já se planeja na A SEI, pelo referido decreto, passar,
sua velocidade, que é 4 vezes mais rá Apple, uma versão mais barata do Li a ter ampliadas suas atividades inclu
pida do que a do Apple III, mas sim a sa e que será chamada de Mac Intosh, sive a implantação, operação e moderni
sua poderosa programação voltada com um custo nos Estados Unidos esti zação das atividades do sistema de in
para facilitar o contato do homem com mado em torno de dois mil dólares. form ática, bem como a ampliação de
a máquina. (JCF) suas instalações.
Outro decreto datado do dia 30.1