Page 80 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1982
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SATÉLITE AO

                     ALCANCE DE TODOS


                 Em telecomunicações "longe é um lugar que não existe” . As perguntas e respostas
                  que se seguem  destinam -se a esclarecer aos leitores a história dos satélites no
                  mundo, suas aplicações e perspectivas, seu tempo de vida, o segm ento terreno
                 e a participação do Brasil. Sobre o satélite doméstico brasileiro, a partir de  1985,
                  não haverá mais distância que não possa ser vencida por telefone, por telex, por
                  televisão ou por um a série de outros meios que estarão à disposição sempre que
                um usuário precisar se com unicar. O nosso satélite estará sempre firm e no seu posto,
                        ajudando a aproxim ar os brasileiros pelas telecom unicações.
       P — Como eram as comunicações a   Havaí Era o princípio do satélite pas­  lação ao observador, introduz toda uma
       grande distância antes do emprego   sivo, isto é, uma superfície refletindo de   série de complicações desnecessárias,
       de satélites?            volta as ondas de rádio a grande altura.  como  ter que  usar mais sa télites
       R — Antes da era dos satélites, marcada           (quando um'morre'no horizonte e outro
      pelo lançamento do Sputnik em 57. as   P — A  idéia do satélite  passivo foi   nascei e mais equipamento adicional.
       comunicações intercontinentais eram
      efetuadas pelo rádio de ondas-curtas e   adiante?  P  —  E  qual  a  altura  do  satélite
                                R — Não.  Corno a Lua está muito dis­
      cabos submarinos.  Os sistemas rádio ti­  tante, isto cria problemas do enfraque­  síncrono?
       nham, porém,  uma capacidade de pou­  cimento e do retardo dos sinais. A Lua   K — Esta altura é de 35.680 km. À me­
       cas dezenas de conversações telefônicas   também não é visível 24 horas por dia.   dida que a distância do satélite cresce
       simultâneas, ao passo que os cabos sub­  Partiu-se, cm meados dos anos 60, paru   em  relação á  Terra ele passa a girar
       marinos não conseguiam transmitir se­  o envio de uma lua artificial de plástico,   mais lentamente em relação à sua su­
       quer um canal de televisão.  de  uma  dezena  de metros.  O projeto   perfície. Isto porque a ação da gra vidade
                                Echo funcionou, porém a capacidade de   vai diminuindo com a altura e o satélite
      P —  As  comunicações  terrestres   comunicação revelou-se ainda  insufi­  precisa menos velocidade para contra­
      como se comportavam?      ciente. O lançamento do Sputnik em 57   balançar à ação da gravidade e não cair
      R — Já existiam troncos de microondas,   já havia aberto, porém, o caminho para   de volta para a Terra. Um objeto a 8 mil  *
      como hoje, em que estações sucessivas   os satélites repetidores ativos.  km de altura  leva 5 horas para dar a
      repetiam o sinal entre pontos distantes.           volta do globo e a 35.680 km leva 24 ho­
      Estas, porém, devido ao fato dos feixes   P — O que são os satélites ativos?  ras. No primeiro caso será visto da Ter­
      de microondas caminharem em  linha   R — Satélites ativos de TCs são repeti­  ra como um objeto percorrendo o céu de
      reta, obrigam a que cada repetidor Tique   dores no espaço, que recebem um feixe   horizonte a  horizonte,  e no segundo
      em linha de visada direta em relação ao   de microondas de uma estação terrena e   como um ponto imóvel no espaço.
      outro  Dal as estações de microondas   o reen via depois de amplificado para ou­
      terrestres localizarem-se em pontos al­  tra  estação terrena  Aproveita-se a   P — De onde  o satélite  tira energia
      tos: para  "enxergarem " longe.  operação para  transladar a frequência   para seu funcionamento?
                                recebida antes de retransmiti-la, a fim   R — A energia vem do próprio Sol. atra­
      P — Um satélite não constituiria, en­  de minimizar o perigo de interferência   vés do uso de células solares.
      tão, um ponto ideal para uma repeti­  entre os feixes terra-satélite e satéli­
      dora de microondas,  por que  está   te-terra.  Este equipamento repetidor é   P — E os satélites não caem?
      muito alto?               denominado, em mgles, detransponder.  R —  Os satélites obedecem às leis da
      R — Sempre se pensou que um objeto si­             mecânica celeste. A força de atração da
      tuado a grande altura seria muito con­  P — Existe alguma altura ideal para   gravidade é exatamente contrabalan­
      veniente para interligar pontos distan­  a colocação de um satélite de TCs?  çada pela força centrífuga, que age so­
      tes sobre a superfície terrestre.  Um sa­  R —  Sim; é aquela em  que o satélite   bre o satélite e que tende a jogá-la no es­
      télite, quanto mais alto, maior é a área   parece não se mover em relação ao ob­  paço  O resultado é a órbita percorrida
      que enxerga do globo. A Lua, por exem­  servador terrestre. Satélites nestas con­  pelo satélite.
      plo, foi utilizada em 1959para comuni­  dições denominam-se síncronos. A utili­
      cações regulares entre  Washington  e  zação de satélites, que se movem em re­  P — Que é atitude?
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