Page 67 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1980

INFORME
0 setor de telecomunicações no Brasil, após
experimentar alguns anos de crescimento ex­
celência de serviços, poderá entrar em fase de
completa deterioração em dois ou
Atualmente, as indústrias do setor estão funcio­
nando com mais de 60%
e, em função disso, a
bém sofre, por falta de motivação e recursos.
M união entre os casais que trabalham, uma
Por enquanto, o atendimento a demanda está
sendo possível, à exceção dos grandes centros,
porque o prazo de maturação dos terminais
contratados pelas empresas subsidiárias da
TELEBRÁS é de 3 a 4 anos. Mas, a situação
tende a piorar, à medida que
e suficientes contratações.
Para discutir a situação e perspectivas, a Fo­
lha reuniu, em mesa-redonda, os vários seg­
mentos da indústria e do governo representa­
dos pelo presidente da TELEBRÁS, gal. José
Antonio de
TELESP, Carlos de Paiva Lopes; o presidente
da TELEPAR, Gilberto Garbi; o presidente da
ABINEE — Associação Brasileira da Indústria
Eletro-eletrônica,
diretor comercial da
cei Ilton Romano Fialho; e o presidente da Autel
S/A Telecomunciações, Antoine Benyamin
Bahi. Pela Folha participaram Odon Pereira e
Elcio Martins
T e l e c o m u n i c a ç ô e s s e n i r e c u r s o s
tolh a —
Seplan de 15%, deu uma rasteira definitiva nos lhões. Desses Cr$ 38 bilhões, Cr$ 19 bilhões,
planos do setor. Ao mesmo tempo, o Ministro
anos. das Comunicações tem prometido para o ano
que vem a recuperação nos investimentos —
capacidade ociosa crescimento
pesqui tecnológica tam­
nomia. O que há de positivo nesta promessa?
São baseadas em quê, já que as definições dos
Investim entos estão praticam ente com a
Seplan 7
I Alencastro — O nosso País, depois de um perí­
odo de estagnação muito grande, teve rnomen-
tos de grande entusiasmo e de evolução, em ter­
mos de serviço telefônico. Isto criou algumas
imagens distorcidas do setor.
Quando as consequências da crise do petróleo
começaram a se fazer mais profundas na econo­
mia brasileira, alguns setores foram julgados
prioritários, outros não. Entre os que nao foram
julgados prioritários está o setor de telecomuni­
existem novas cações. Em consequência disso, a partir de
1976, que foi o ano que mais investimos, em
termos reais passamos a investir ano a ano me­
nos. Até que chegamos àquilo que considero
uma posição quase insuportável. Passamos, en­
tão, a uma atuação mais enérgica, mais inci­
siva, junto às autoridades para esclarecer a que
é que nós seríamos conduzidos se esse processo
Alencastro eSilva; o presidente da
continuasse.
E a nossa ação foi bem compreendida, pelo go­
verno, e como norma de decisão em conseqüên-
Fir mino Rocha Freitas; o
cia disso
Ficape o diretor do Sindi­, para 1981 nós vamos receber 76% do
FNT.
Folha — Existe alguma previsão de qual seria o
FNT no próximo ano?
Este último corte determinado pela
Alencastro — Orçado pela Seplan Cr$ 38 bi­
já por decreto seriam nossos, c mais os Cr$ 10
bilhões. Então, na previsão orçamentária são
Cr$ 29 bilhões, que representam 76% de
d e 6 a 7% — a eco­ 38 bilhões.
CrS
Fialho— Nós, do setor de cabos, estamos com
94% de ociosidade, para não dizer que estamos
com 100%, A pretenção da TELEBRÁS é justa
e até pequena em relação às necessidades. Acho
que deve ser dada à TELEBRÁS c, especial­
mente, às telecomunicações brasileiras uma vi­
são completamente diferente. O setor não sendo
prioritário, como foi dito, é um grande erro, a
França está dizendo que para a economia de
combustível é necessário aumentar as teleco­
municações. m
Paiva —* O Brasil necessita de comunicações,
cada vez mais, porque não há possibilidade ne­
nhuma de termos um programa sério de econo­
mia de combustível, se não pensarmos em tele­
comunicações muito scriamcnte. O telefone,
nos últimos anos, não só é uma necessidade ab-
soluta para a economia do País, mas cm cidades
como São Paulo, é também uma necessidade
por “ n” outras razões, inclusive, de segurança,
de sossego da própria família, é uma forma de
forma de contato com os filhos. Essa necessi­
dade vem crescendo. O telefone, nos últimos
anos, foi descoberto pelo povo brasileiro.
Na cidade de São Paulo já vamos ter, em 8 1,
problemas que serão difíceis de explicar à po­
pulação. Muitos bairros, a maioria deles, não
vamos poder atender e é alguma coisa difícil de
explicar. Então, vamos passar um período —
espero que seja o mais curto possível — em que
haverá uma piora no atendimento ao público.
¦
Hoje, o limite de chamadas é tolerável, o nosso
sistema suporta o que está sendo processado.
Mas, no momento que começa haver falta de
telefones, os residenciais começam a ser trans­
formados em telefones comerciais. Em média,
cada telefone comercial processa três vezes
mais chamadas do que o telefone residencial, e
como as estações foram projetadas pra terem
determinados números fixos de telefones resi­
denciais, comerciais e troncos, estamos criando
o cenário para que esse congestionamento acon­
teça dentro de alguns anos. Eu diria que na área
de São Paulo, se nós continuarmos com mais
dois anos investindo aquilo que nós investimos
em 80, vamos chegar a esse congestionamento
aí por 83.