Page 59 - Telebrasil - Julho/Agosto 1977
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Aberta
A j u d a n d o p a r a o f u t u r o
JA YM E M AG RASSI DE SÁ
Economista, ex-presidente do BNDE e do
F1NAME, foi professor da Universidade
do Brasil, da FGV, e do Instituto Rio Bran
co. é m em bro do Conselho de Adminis
tração da Ericsson do Brasil.
I
JT' dos traços mais curiosos e cruéis um árbitro apenas; no fundo, este é pêuticas calcadas em estereótipos ou
xt ííeòaíes que, neste país, se pro- encarado como um grande patroci em figuras intelectualmente conce
:*$&m sobre problemas econômicos é nador. E os defensores do estatismo bidas, mas não registradas em parte
? caráter de contradição entre os ar- não se privam de fazer deste um bom alguma do mundo, ou são modelos é
| fwmtot e atos. 0 que menos se ob- veículo de interesses personalistas. esquemas cuja realização exigiria
I rva. neste campo, é a coerência. As- Deseja-se o desenvolvimento, mas outras condições, ainda não osten
rs, por exemplo, os defensores da sem as renúncias que ele impõe. E cla tadas pelo complexo sócio-económico
t ^apèutica monetária para combater a ma-se contra a inflação, torcendo-se, interno.
• r^acâo não vacilam em adotar me- porém, para que ela mantenha viva a Nada nos ajudaria mais do que uma
I &3$ heterodoxas, como o rígido con chamada ilusória de alta e crescente mudança de comportamento, espe
i' de preços. Os defensores do produtividade monetária. cialmente na seara da economia. Sem
¦f %fSTiO de mercado e da livre-con-
Toda essa incoerência, que já não mais abandonar o brilho e a rapidez do es
[ sorè'da não vacilam em pleitear forte
pode ser justificada com uma situação pírito latino, de cujas raízes não nos
L do Estado e até favores, sub-
cultural desfavorável, tem gerado podemos desprender, devíamos esfor
l «os ou reservas de posição. Os
graves perturbações, confundindo e çar-nos por adquirir um pouco de
I; jprioçistas da competição não se
tumultuando a análise dos problemas frieza de raciocínio e da ordenação
|j*arham em perseguir posições oli-
maiores da coletividade e roubando ao analítica dos anglo-saxônicos. Juntan
; wxáttas e, se possível, monopolis-
curso de nossa evolução o benefício de do ao fulgor e à exuberância que são
mm definições claras, que tornariam o imanentes àquele o pragmatismo
I Cs estruturalistas não se negam, nem processo menos penoso e mais sólido. sólido e a ponderação sistemática des
||« acanham, em aceitar medidas que Se há algo de cuja carência o Brasil tes, daríamos, por certo, alguns passos
N * chvoraam completamente das que não se ressente é de escritos sobre mais rápidos, acelerando o progresso
I; to fi:lavam a uma terapêutica niti- questões econômicas. Nesse campo, que, sem dúvida, temos realizado, mas
j isente isenta das imposições con- nossa produção ê realmente abundan ao peso de imensos sacrifícios, pe
im . E assim por diante. A dia- te. Mas, ao se examinar esse já imenso quena ou nula eqüidade social e baixa
. £ja, no campo econômico, entre estoque, fica-se decepcionado com eficiência.
% é. na verdade, uma composição dois produtos que dele emanam in 0 Brasil é um continente em si mesmo.
| oçinjunções e atitudes da hora; e até variavelmente: a inorganicidade e a E dir-se-ia, figuradamente, em todos os
I. to fríações ideológicas se mesclam soma de conclusões paradoxais. São, sentidos. Tem condições para queimar
I m vários objetivos nada conceituais, por vezes, premissas teóricas aplicadas etapas em seu desenvolvim ento
t hm voltados para conciliar concep- ao caso nacional sem qualquer con econômico e social. Historicamente
corri oportunidades. As investidas sideração para com as peculiaridades jovem, pode recolher, com vantagens,
o avanço do Estado na eco- do País e suas realidades como Nação. as experiências acumuladas por
por exemplo, não são devi- São criticas que se estribam em pa aqueles que há milênios se consti
secundadas por uma afir- râmetros fundamentais em condições tuíram em Nação, antes mesmo de
’vM empresarial que veja no Estado que o Pais ainda não tem. São tera terem consciência de que existia o