Page 4 - Telebrasil - Março/Abril 1976
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lembraremos que a “política" está
apenas hibernando.
Á concepção da empresa de
economista mista decorreu do
EM BUSCA DE SOLUÇÕES os recursos e os elevados objeti
propósito de somar o prestígio,1
vos do Governo à dinâmica da li-
ALTERNATIVAS vre empresa. Mas a retenção do
comando acionário alijou de um
só golpe o empresário e o inves
tidor. O pouco que restou dessa
concepção foi na formação do
capital, onde a participação pri-j
“Um pouco de oposição é sempre
de grande valor para o homem" J. C. Vallim vada é compulsória ou especula
(Thomas Carlyle) tiva, nunca empresarial.
Subsiste, porém, o conteúdo sa
Morgan observou que o homem na impropriedade conceituai e en dio da idéia; o que precisamos é
caminha do complexo, indefinido, traves burocráticos impostos pelo encontrar outro “ approach". Uma
para o simples, definido. próprio Poder concedente. Nega das primeiras e mais simples ten
Dentre a multiplicidade dos fa va-se, comumente, à concessioná tativas seria evitar a “ ditadura da
tores que influenciam nossos atos, ria os fatores básicos para seu de maioria" nas S/A, para que a em
podemos extrair regras simples e senvolvimento, quais sejam: presa mista não seja uma asso
definidas. Dentre as primeiras de ciação do “ pote de ferro" com o
las, destacamos o fato de serem ? estabilidade e rentabilidade “ pote de barro", como se costu
quase todos os nossos atos dita para seus investimentos; ma dizer.
dos ou presididos pelo interesse ? financiamentos adequados (pa A validade do propósito autori
pessoal. Somente as grandes mo ra vencer os custos marginais); za, e recomenda mesmo, a pro
tivações escapam dessa órbita ? definição precisa das metas, cura de outras formas alternativas
para outra mais elevada a do in liberdade de ação (desburo- para alcançar o objetivo. Uma de
teresse geral, a da coletividade. cratização), co-responsabilida- las seria em alguns casos, confiar
Da observação de fatos com de (em vez de tutelamento). à livre empresa nacional, median
plexos foram tiradas lições que te contrato, a operação de acervo
podem ser sintetizadas em con As entidades estatais não so imobilizado de propriedade esta
ceitos simples. Assim, a defini frem, normalmente, certas restri tal. Teríamos “operação mista" em
ção dos objetivos gerais a serem ções impostas à livre empresa, vez de “ economia mista". 0 Go
alcançados deverá ser traçada mas estão sujeitas a fatores de- verno, obviamente, manteria as
por órgão colegiado, misto e he sacelerantes, inclusive limitações atribuições de Poder concedente
terogêneo, porque do caldeamen- administrativas que reduzem a efi e se beneficiaria da arrecadação
to dos interesses setoriais se de ciência e oneram os custos. Na do arrendamento desse acervo e
finirá o interesse coletivo. Defini busca da liberdade, que poderia da tributação aplicável. Ter-se-ia
dos, porém, os objetivos e rumos, dinamizar a solução, nasceram as assim uma forma de somar fato
e determinados os parâmetros, a Autarquias, as Empresas Públicas res positivos e minimizar os fa
execução deverá ser confiada a e as Empresas Mistas. Porém, os tores negativos das soluções clás
entidade que seja diretamente be tentáculos da burocracia são lon sicas, além de oferecer uma via
neficiada com a elevação da pro gos e envolventes, por ser essa a de retorno à apregoada irreversi-
dutividade e eficiência, o que de forma institucional do exercício de bilidade da estatização, pois; sem
forma objetiva, se reduz à busca múnus público — não há como a perspectiva de revisões, nos en
de lucro. fugir. caminharíamos para o “ capitalis
A definição do interesse nacio A leitura do estudo do Prof. C. mo estatal" que conduz à “dita
nal é função indeclinável do Go H. Pritchett, da Universidade de dura da burocracia".
verno. A possibilidade de grandes Chicago, publicado na “ Public A solução esboçada não é nova,
investimentos lhe é também mais Administration Review", sob o tí pois já foi empregada com êxito
fácil através de tributos e arreca tulo O Paradoxo da Empresa Es pela Comissão de Energia Atômi
dações parafiscais, com o que tatal, mostra que também nos ca nos EE.UU., e proposta ao iní
atenderia mais facilmente à eco EE.UU. a luta pela liberdade admi cio da existência da TELEPAR
nomia de escala e aos aspectos nistrativa dessas empresas foi em para contornar dificuldades então
político-sociais. Lançou-se, por vão. sentidas. Quisemos relembrá-la
isso, o Governo no terreno da exe O justificado entusiasmo por por entendermos que o Pastor
cução, inclusive sob o pretexto da empreendimentos estatais em se Dietrich Benhaeffer tem razão
necessidade de suprir as deficiên tores de alta rentabilidade têm es quando diz ser preciso ter cora
cias da livre empresa. Essas difi timulado a criação de empresas gem para apresentar sugestões
culdades, porém, mormente a das mistas, mas é preciso não esque contestáveis, desde que se tenha
concessionárias de serviços pú cer o que tem ocorrido a algumas o honesto propósito de encontrar
blicos, se situavam, notadamente, de suas irmãs mais velhas, e nos soluções válidas. •